MAIS

    HÁ VINTE ANOS – Para que servem certas entrevistas (para nada)

    Por

    Os jornalistas saíram frustrados da entrevista coletiva concedida por Delúbio Soares, tesoureiro do PT, acusado de subornar deputados para que votassem como o governo queria.

    Reclamam que Delúbio não disse nada, limitando-se a negar tudo. Mas, queriam o quê? Que ele dissesse algo capaz de eventualmente incriminá-lo?

    Essas entrevistas na maioria esmagadora das vezes não servem para nada. Ou melhor: só servem para que o entrevistado diga o que quer dizer, e ponto.

    Se a pergunta for embaraçosa, ele não responde. Ou responde vagamente. De resto, o formato de um jornalista, uma pergunta, só favorece o entrevistado. Porque a palavra dele é a última e o jornalista não pode perguntar em cima da resposta que ele deu.

    Foi o que aconteceu com a primeira e única entrevista coletiva concedida até hoje por Lula. De resto, os jornalistas não costumam se preparar bem para essas ocasiões. Perguntam o óbvio, o que está nos jornais.

    O entrevistado já sabe o que lhe será perguntado. E já se preparou para responder.

    Chegará o tempo das entrevistas sem perguntas: o suposto entrevistado fala, os jornalistas anotam ou ligam seus gravadores.

     

    (Publicado aqui em 23 de julho de 2005)