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Jovem com câncer espera tratamento há 14 meses e família acusa plano

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Jovem com câncer espera tratamento há 14 meses e família acusa plano

Familiares e amigos de uma jovem com câncer acusam o plano de saúde Hapvida NotreDame Intermédica de negligenciar o caso da paciente. Diagnosticada há mais de um ano e ainda sem tratamento para a doença, a jovem enfrentou cancelamento de cirurgias e consultas, demora no atendimento, e sofre com complicações após cirurgia de biópsia.

Jaqueline Cuevas Cortes, de 26 anos, buscou atendimento para o caso pela primeira vez em 2023, quando começou a ter sintomas como dores de cabeças fortes, desorientação e zumbido intenso no ouvido.

Naquela época, exames apontaram a existência de uma mancha no cérebro da jovem e um neurologista solicitou biópsia. O convênio, no entanto, marcou a biópsia apenas seis meses depois, no dia 22 de maio de 2024, e a cirurgia terminou com uma série de complicações.

Durante a operação, os médicos precisaram retirar uma parte do crânio de Jaqueline, para controlar um inchaço no local. A jovem ficou em coma induzido por quatro dias e, nos dias seguintes, desenvolveu uma infecção na região do corte.

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Jaqueline esperou seis meses para fazer a biópsia que confirmou um tumor no cérebro

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Jaqueline é filha de imigrantes bolivianos

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Jaqueline e a mãe durante colação de grau na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP)

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Jaqueline é formada em Relações Públicas pela Universidade de São Paulo

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Jaqueline em colação de grau na Universidade de São Paulo

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Depois de um período internada, ela recebeu alta do hospital, mas a dispensa médica não foi sinônimo de solução para o caso. Com um edema — acúmulo de líquido — na cabeça, a jovem já não consegue mais se comunicar normalmente e perdeu a mobilidade em parte do corpo.

“Ela não consegue andar, só movimenta uma mão, e a fala dela está muito comprometida. Só consegue falar coisas como ‘bom dia’, ‘oi’, e ‘te amo’. Só duas palavras e mais nada”, conta o amigo Ewerton da Silva, de 31 anos.

Descaso

Colega de faculdade de Jaqueline, Ewerton começou um movimento para pressionar o convênio a agir com celeridade ao caso da amiga. Isso porque desde que a biópsia foi realizada e confirmou o diagnóstico de tumor no cérebro, o plano de saúde não deu início ao tratamento do câncer e também não realizou procedimentos para drenar o edema.

Irmã de Jaqueline, Vanessa Cortes Castro descreve um cenário de empurra-empurra entre as diferentes equipes médicas do convênio.

“A oncologia jogou para a radioterapia e para o neurologista. A radioterapia recusou [dar início ao tratamento] por causa do edema. E o neurologista, a gente tentou marcar desde o início do ano e eles cancelaram duas ou três vezes as consultas sem justificativa”.

Em abril deste ano, depois que Jaqueline passou mal, um neurocirurgião do convênio solicitou uma nova operação para drenar o líquido do edema. Ainda assim, o plano de saúde cancelou a cirurgia três vezes.

Em meio ao cenário de descaso, a família tem se desdobrado para cuidar de Jaqueline. Vanessa morava na Bahia com o marido e veio para São Paulo para poder ajudar a mãe nos cuidados com a irmã. “Meu marido teve que deixar o trabalho e hoje ele está desempregado”, afirma.

A mãe dela e de Jaqueline, Wilma Cortes, é boliviana e não fala português fluentemente. A família vive em Ferraz de Vasconcelos, no região metropolitana de São Paulo, e tem deslocamentos de horas para chegar às consultas.

Depois que Ewerton e outros amigos deram início a uma campanha nas redes sociais para cobrar respostas do convênio, o plano de saúde Hapvida NotreDame Intermédica reagendou a operação para controlar o edema para esta terça-feira (28/7).

Os familiares e amigos esperam que, depois da operação na cabeça, o plano dê início ao tratamento oncológico. Segundo Vanessa, ressonâncias feitas depois da biópsia apontam que o tumor cresceu nesses 14 meses de espera — e está com 6 cm.

O que diz a Hapvida NotreDame Intermédica?

 

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