O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os mandatários do Chile, Espanha, Uruguai e Colômbia publicaram, neste domingo (20/7), uma carta em defesa da democracia. No texto, os líderes dizem que como progressistas, devem agir “com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições”.
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A carta é assinada por Lula e pelos presidentes Gabriel Boric Font (Chile), Pedro Sánchez (Espanha),Yamandú Orsi (Uruguai) e Gustavo Petro (Colômbia).
Os líderes unem-se na defesa da democracia como ferramenta essencial para combater desigualdades e garantir direitos fundamentais. Eles enfatizam que a democracia não pode ser apenas um conceito abstrato, mas deve se traduzir em políticas concretas que reduzam disparidades e ampliem a participação cidadã. “Resolver os problemas da democracia com mais democracia”, diz a carta.
Os governos progressistas destacam que a revitalização da democracia exige a cooperação internacional e a inclusão de vozes diversas, desde movimentos sociais até jovens e centros de pesquisa. “A democracia é frágil se não for cuidada”, alertam.
Em um mundo polarizado, os líderes progressistas condenam as ameaças autoritárias, mas também propõem uma agenda positiva, baseada em esperança e transformação. Por fim, a carta traz que a democracia é o melhor caminho para a paz e a coesão social.
A carta foi publicada em forma de artigo na Folha de S.Paulo.
Lula
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo
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Na segunda-feira (21/7), os líderes vão participar de uma reunião em Santiago, quando devem se debruçar sobre a defesa da democracia. Organizada pelo presidente do Chile, Gabriel Boric, a reunião será reservada para os presidentes. Na sequência, os líderes terão um encontro com membros da sociedade civil, do meio acadêmico e de centros de reflexão.
As discussões estarão organizadas em torno de três eixos centrais: defesa da democracia e do multilateralismo; combate às desigualdades; e tecnologias digitais e o enfrentamento à desinformação.
Confira carta completa:
“Em diferentes partes do mundo, a democracia enfrenta um momento de grandes desafios. A erosão das instituições, o avanço dos discursos autoritários impulsionados por diferentes setores políticos e o crescente desinteresse dos cidadãos são sintomas de um mal-estar profundo em amplos setores da sociedade. A isso se somam as persistentes desigualdades, o retrocesso nos direitos fundamentais, a disseminação da desinformação e de discursos de ódio em plataformas digitais, e a expansão de redes criminosas que desafiam a legitimidade do Estado.
Diante desse cenário, não cabe o imobilismo nem o medo. Defendemos a esperança. Em um mundo cada vez mais polarizado, como líderes progressistas temos o dever de agir com convicção e responsabilidade frente àqueles que pretendem enfraquecer a democracia e suas instituições. Porque não basta evocar a democracia nem falar em seu nome: devemos fortalecê-la, renová-la e torná-la significativa para aqueles que sentem suas promessas não cumpridas. É com mais democracia que criaremos mais oportunidades para as gerações futuras, e como melhor nos adaptaremos aos desafios globais impostos pela inteligência artificial ou a mudança do clima. Resolver os problemas da democracia com mais democracia, sempre.
Esse é o princípio que convoca os governos do Chile, Brasil, Espanha, Uruguai e Colômbia à Reunião de Alto Nível “Democracia Sempre”, a ser realizada em Santiago no próximo dia 21 de julho.
Esse esforço compartilhado não é apenas a continuação do encontro impulsionado pelos governos do Brasil e da Espanha durante a Assembleia Geral das Nações Unidas no ano passado, mas dá um passo adiante. Porque, longe de ser um gesto isolado ou simbólico, é uma iniciativa que busca defender a democracia como um bem comum.
Sabemos que as democracias não se constroem apenas a partir dos governos. Construir propostas conjuntas e eficazes que fortaleçam a coesão social, a participação cidadã e a confiança nas instituições é um trabalho que não pode se limitar a cartas de boas intenções ou recair apenas sobre os governos de turno e seus representantes. Por isso, essa iniciativa também convoca organizações sociais, centros de pensamento, juventudes e diversos atores da sociedade civil, porque sua participação e ação são fundamentais para que a democracia recupere sua capacidade transformadora.
Sabemos também que defender a democracia exige que sejamos capazes de condenar as derivas autoritárias e, ao mesmo tempo, falar de forma positiva, propondo reformas estruturais para enfrentar a desigualdade em nossos países e no mundo. A história nos demonstrou repetidamente que a democracia é o melhor caminho possível para garantir a paz e a coesão social, e as oportunidades para todos. Impulsionar estratégias comuns em favor do multilateralismo, do desenvolvimento sustentável, da justiça social e dos direitos humanos é um imperativo ético e político. Porque a democracia é frágil se não for cuidada.
Hoje nos reúne a certeza compartilhada da necessidade de melhorar a resposta do Estado às demandas de nossos povos e governar com eficácia, com justiça, com direitos. Com democracia, sempre. E com a convicção de que defender a democracia nestes tempos difíceis não é apenas resistir e proteger, mas propor e seguir avançando. Essa é a tarefa urgente do nosso tempo.”