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Magnitsky e tarifaço: Trump afaga ala política, mas cede à economia

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Magnitsky e tarifaço: Trump afaga ala política, mas cede à economia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afagou a ala política ligada ao bolsonarismo na quarta-feira (30/7) com a aplicação da Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, mas cedeu ao campo econômico, ao aplicar ao Brasil um tarifaço mais enxuto do que o inicialmente anunciado. A taxa de 50% se manteve, mas a lista de itens teve significativa redução.

Ainda que o recuo seja parcial e vá causar impactos na economia, a decisão deve “poupar” 43,4% das exportações brasileiras, segundo dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).

Tarifaço contra o Brasil

Entre os principais itens que ficaram de fora do tarifaço estão o suco de laranja, a madeira, a celulosa, os fertilizantes, os combustíveis, o aço, os minérios de ferro, as castanhas, entre outros. Ao todo, foram 694 exceções.

O recuo de Trump foi comemorado pelo governo, ainda que com cautela, e também por empresários dos setores que foram poupados da nova taxação.

Ainda existe margem para novos recuos da Casa Branca, uma vez que o o presidente dos EUA adiou o início do tarifaço contra o Brasil para a próxima quarta feira (6/8). Entre os itens que seguem tarifados e que são alvo de preocupação estão a carne e o café.

A estratégia do governo Lula em escalar o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio ,Geraldo Alckmin, para ficar a frente das negociações funcionou. Com perfil mais discreto, Alckmin fez diversas reuniões tanto com as big techs como com empresários de diferentes setores, com o objetivo de pressionar empresários norte-americanos a irem ao governo Trump falar sobre os prejuízos para os dois lados.

O vice-presidente conversou mais de uma vez com o secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, que ao longo desta semana passou a admitir que alguns itens ficariam fora do tarifaço, como se confirmou na quarta.

Sanção dos EUA é mais simbólica do que prática

Como mostrou o Metrópoles, a aplicação da lei Magnitsky contra Moraes foi mais simbólica do que prática. O ministro do STF não tem conta, bens e nem investimentos nos Estados Unidos. Além disso, o magistrado não fez questão de renovar seu visto para entrada no país, pois não é um frequentador assíduo.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pode dizer que “venceu” na articulação para a aplicação da lei norte-americana contra Moraes, porém não vai fazer o julgamento contra seu pai paralisar. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu no STF por tentativa de golpe de estado depois de perder a eleição para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro do STF é relator do processo.

Julgamento de Bolsonaro em setembro

O processo contra Bolsonaro seguirá normalmente, como também mostrou o Metrópoles na quarta . A previsão da Corte é que Bolsonaro e aliados sejam julgados em setembro.

Após as alegações finais do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, apresentadas na terça-feira (29/7), passa a valer o prazo para que as defesas dos demais réus do núcleo 1 da investigação, considerado o crucial da suposta trama golpista, se manifestem. Entre eles, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes do antigo governo comandado por ele.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu a condenação de Bolsonaro e aliados e a redução dos benefícios concedidos a Cid.

Governo Lula não deve recuar em discurso da soberania

Horas depois do anúncio de sanção contra Moraes e de Trump oficializar o tarifaço, o presidente Lula disse que era dia “de defender a soberania”. Lula reuniu ministros no Palácio do Planalto depois dos anúncios da Casa Branca.

A fala do petista sinaliza que o Executivo deve continuar com a retórica da defesa do nacionalismo, do patriotismo e da soberania brasileira, contra interferências externas.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, horas antes dos anúncios, declarou que o Brasil seguirá disposto a negociar, mas sem “ceder a pressões externas”, em um claro recado que o governo brasileiro não negocia casos que estão na justiça brasileira, por exemplo.

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