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    Maior risco para inflação é um “novo impulso fiscal”, diz Banco Inter

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    Em relatório divulgado nesta terça-feira (29/7), o Banco Inter elevou suas projeções para a inflação no Brasil em 2025 e alertou para a possibilidade de que “um novo impulso fiscal” leve a uma maior pressão inflacionária.

    De acordo com relatório divulgado pelo banco, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar o ano em 5%.

    A estimativa anterior do banco era a de uma inflação de 4,9% em 2025.

    De acordo com o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

    Portanto, para o Inter, a inflação no Brasil em 2025 ficará um pouco acima do teto da meta.

    “O principal risco para a inflação é um novo impulso fiscal. O último relatório do Tesouro estima déficit primário mais alinhado com a expectativa de mercado, cerca de R$ 75 bilhões em 2025. Com a vitória no aumento do IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] e maior arrecadação do petróleo, a receita deve crescer 4% acima da inflação no ano”, projetam os analistas do Inter.

    “No entanto, a maior arrecadação também abre espaço para aumento de gastos, o que foi corroborado pela retirada do contingenciamento de R$ 20 bilhões que havia sido feito em maio”, prossegue o Inter. “Nossa estimativa é que o maior empoçamento de despesas discricionárias e a contenção do crescimento de gastos na Previdência, BPC [Benefício de Prestação Continuada] e Bolsa Família devam resultar em déficit próximo de 0,4% do PIB em 2025, ou R$ 56 bilhões.”

    Ainda de acordo com a instituição financeira, “caso o governo não mantenha a maior disciplina fiscal observada no primeiro semestre, podemos ver nova aceleração de gastos nos próximos meses, tornando a inflação mais resiliente”.

    9 imagensEm outras palavras, se há  aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moedaExistem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum delesNo Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileirasDe uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externasNo entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moedaFechar modal.1 de 9

    Inflação é o termo da economia utilizado para indicar o aumento generalizado ou contínuo dos preços de produtos ou serviços. Com isso, a inflação representa o aumento do custo de vida e a consequente redução no poder de compra da moeda de um país

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    Em outras palavras, se há aumento da inflação, o dinheiro passa a valer menos. A principal consequência é a perda do poder de compra ao longo do tempo, com o aumento dos preços das mercadorias e a desvalorização da moeda

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    Existem várias formas de medir a inflação, contudo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o mais comum deles

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    No Brasil, quem realiza a previsão da inflação e comunica a situação dela é o Banco Central. No entanto, para garantir a idoneidade das informações, a pesquisa dos preços de produtos, serviços e o cálculo é realizado pelo IBGE, que faz monitoramento nas principais regiões brasileiras

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    De uma forma geral, a inflação pode apresentar causas de curto a longo prazo, uma vez que tem variações cíclicas e que também pode ser determinada por consequências externas

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    No entanto, o que influencia diretamente a inflação é: o aumento da demanda; aumento ou pressão nos custos de produção (oferta e demanda); inércia inflacionária e expectativas de inflação; e aumento de emissão de moeda

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    No bolso do consumidor, a inflação é sentida de formas diferentes, já que ela não costuma agir de maneira uniforme e alguns serviços aumentam bem mais do que outros

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    Isso pode ser explicado pela forma de consumo dos brasileiros. Famílias que possuem uma renda menor são afetadas, principalmente, por aumento no preço de transporte e alimento. Por outro lado, alterações nas áreas de educação e vestuário são mais sentidas por famílias mais ricas

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    Ao contrário do que parece, a inflação não é de todo mal. Quando controlada, é sinal de que a economia está bem e crescendo da forma esperada. No Brasil, por exemplo, temos uma meta anual de inflação para garantir que os preços fiquem controlados. O que não pode deixar, na verdade, é chegar na hiperinflação – quando o controle de todos os preços é perdido

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    PIB

    Ainda segundo o relatório do Inter, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve se expandir 2% neste ano, mantendo as estimativas anteriores.

    Em 2026, segundo o Inter, a economia do país deve crescer 1,8%.

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    Juros

    Segundo o Banco Inter, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deve manter a taxa básica de juros (Selic) no patamar atual, de 15% ao ano.

    “Com a inflação ainda acima da meta, esperamos que o Copom mantenha a Selic inalterada nas próximas reuniões. Além da manutenção da taxa, o Copom deve manter também o tom mais duro no comunicado, indicando que a Selic deve permanecer restritiva por um período prolongado”, afirma o banco.

    “A incerteza no cenário permanece elevada, com sinais de moderação na atividade e perspectiva de inflação menor em 2025, como observado pelas recentes revisões no Focus. Por outro lado, a expectativa para 2026 segue elevada e o risco no cenário externo e doméstico devem manter o Copom em cautela.”

    De acordo com o Inter, a demanda interna deve seguir “em desaceleração, com a menor oferta de crédito e o menor impulso fiscal observado”. “Nesse cenário de atividade mais fraca, a inflação deve continuar em tendência de queda, o que abriria espaço para o primeiro corte de juros em dezembro. Para 2026, a incerteza é ainda elevada e o espaço para cortes é limitado considerando a incerteza fiscal”, diz o relatório.

    Atualmente, a Selic está em 15% ao ano, após um aumento de 0,25 ponto percentual na última reunião do Copom, em meados de junho – foi a sétima alta consecutiva. Trata-se da Selic mais alta em quase duas décadas, desde 2006.

    A elevação da taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. O Copom já indicou que, a partir de agora, não há mais perspectiva de aumento dos juros em 2025.