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Mais de 120 tiros: guerra PCC x Bonde do Magrelo já matou 9 este ano

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Mais de 120 tiros: guerra PCC x Bonde do Magrelo já matou 9 este ano

A disputa de território entre o Bonde do Magrelo e o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou um saldo de, ao menos, nove mortos, de janeiro a junho deste ano, somente em Rio Claro, cidade do interior de São Paulo onde a facção carioca Comando Vermelho (CV) também já atua.

As execuções, feitas com dezenas de tiros de pistolas e fuzis — tipo de armamento usado em guerras — foram concretizadas com mais de 120 disparos, como consta em relatórios da Polícia Civil consultados pela reportagem. Além dos assassinatos resultantes da guerra entre os grupos de criminosos, outras quatro pessoas foram mortas na cidade — três por questões passionais e outra m um latrocínio (roubo com morte).

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Polícia localizou 61 cápsulos de fuzil deflagradas

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Motivação para assassinato é investigado pela polícia

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Bando invadiu casa de vítima pulando muros

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Rapaz de 24 anos foi morto em casa

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A baixa mais recente do crime organizado na região foi Adrian Caique Paulino, de 24 anos – executado com mais de 60 tiros no domingo (29/6). A motivação para o crime, como revelou o Metrópoles, teria sido o fato de a vítima ter se aliado ao Bonde do Magrelo, principal organização criminosa que disputa território com o PCC em Rio Claro e região.

Adrian estava no quintal de casa, , no bairro Vila Alemã, acompanhado de familiares, quando um grupo de atiradores encapuzados pulou o muro da residência.

Ao ver os atiradores, ele correu em direção ao portão da casa, mas outros integrantes da quadrilha já aguardavam por ele. Dezenas de tiros de fuzil foram disparados, matando-o instantaneamente em um corredor lateral do imóvel.

Três mortes em um dia

Dez dias antes, na noite de 19 de junho, dois integrantes do PCC, de acordo com a Polícia Civil, foram mortos também com tiros de fuzil e de pistola, no bairro Novo Jardim Wenzel.

Quando Ladislau Matheus Araújo Iuski, de 26 anos, e Fabiano Rodrigo Gomes de França, 41, estavam em frente a um bar, um Chevrolet Onix, ocupado por quatro criminosos, se aproximou da dupla. Armados com pistolas e fuzis, os assassinos começaram a atirar contra as vítimas.

Ladislau conseguiu correr, invadindo uma casa ao lado do bar. Ele foi perseguido por parte dos matadores, que consumaram a execução quando ele havia entrado em um quarto da casa.

Enquanto Ladislau era morto dentro do imóvel, Fabiano também era executado na rua. Seu corpo, como consta em relatório policial, foi encontrado com “várias perfurações”, entre as quais, uma na cabeça.

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Membros do PCC conversam em terreno, ao lado de comércio

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Carro com pistoleiros se aproxima, acompanhado por moto

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Pistoleiros desembarcam já atirando contra alvos

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Carro de pistoleiros é abandonado, com motor ligado, e batedor foge com moto

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Uma moradora da casa invadida por Ladislau foi ferida em uma das pernas — o disparo transfixou uma das nádegas. Ela foi socorrida.

No mesmo dia, Caíque Fernando Pereira, de 30 anos, também foi morto a tiros, no bairro Vila Verde, por volta das 2h40.

Registros policiais mostram que ele foi alvo de, ao menos, 14 tiros, calibre 9 milímetros, dos quais quatro o atingiram, pelas costas, quando ele tentava fugir dos assassinos. O alvo, segundo fontes policiais que acompanham o caso, seria membro do PCC.

Vítima e “pistoleiro” mortos

Em 30 de abril, Willian Campos Miranda, 36, tomava um drink em frente a um bar, na Estrada das Costas.

Um carro acessou a rua, na qual fez uma conversão, aproximando-se da vítima, para a qual foram direcionados ao menos oito tiros — dados pelo ocupante do banco do passageiro — com o veículo em movimento. Os disparos, de calibre 9 milímetros, atingiram Willian nas costas e braços. Ele morreu no local.

A polícia conseguiu acessar o sistema de monitoramento com câmeras do bar, por meio da qual identificou o carro usado pelos assassinos.

Policias militares se depararam com um Vectra preto saindo da Avenida Tancredo Neves, ainda em Rio Claro, acessando uma estrada de terra.

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Após dar sinal de parada, como relatado pelos PMs à Polícia Civil, o passageiro desembarcou e teria supostamente atirado, três vezes.

Os PMs então revidaram, com ao menos 12 tiros, inclusive com um fuzil, contra Adriano Martins Benedicto, 42, que morreu a cerca de cinco metros de distância do carro do qual havia desembarcado. Ele é suspeito de ser o pistoleiro que matou Willian.

Dois comparsas dele, que segundo a PM usavam roupas escuras e capuzes, fugiram correndo para uma área de mata — na qual foram encontrados um revólver calibre 38 e uma pistola calibre 9 milímetros, armas das quais ao menos uma teria sido usada no homicídio de Adriano.

As primeiras baixas do ano

Entre 1º de janeiro e 16 de fevereiro, três prováveis membros de facções criminosas foram mortos em atentados a tiros.

No primeiro caso do ano, Cláudio Soares do Nascimento, de 29 anos, foi alvo de ao menos 12 tiros de pistola, quando caminhava pelo cruzamento da Avenida Dois com a Rua Doze. Ele chegou a correr, por cerca de 50 metros, até cair em frente ao numeral 576 da Rua Doze, onde morreu. A reportagem apurou que Cláudio já havia sido preso, em três ocasiões, em processos civis.

No momento do ataque, um homem de 45 anos passava pelo local. Ele foi ferido nas duas pernas por disparos, enquanto corria para se salvar. A vítima foi socorrida e afirmou, posteriormente em depoimento, que não conhecia Cláudio.

Bando de “novo Marcola” já disputa território com PCC em 8 cidades

Após o crime, os pistoleiros embarcaram em um Jeep Renegate, estacionando o veículo em frente a uma casa na Rua Onze. O imóvel foi alvo de 11 tiros de pistola, após os quais os criminosos fugiram. Nenhum morador da residência foi ferido.

Uma semana, 28 tiros

Pouco mais de um mês depois, em 10 de fevereiro, Habiner Felipe Monteiro, 23, estava em uma esquina do bairro Jardim Guanabara, quando dois ocupantes de uma moto se aproximaram e o garupa atirou sete vezes.

Os disparos atingiram Habiner — que contava com histórico criminal por tráfico de drogas — e um garotinho, de 10 anos, cuja perna direita foi transfixada. Ambos foram levados para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na qual o adulto morreu.

Menos de uma semana se passou até que, em 16 de fevereiro, no Jardim Figueira, Lucas Henrique dos Santos Barboza, de 28 anos, foi executado com mais de 20 tiros, calibre 9 milímetros. O crime ocorreu por volta das 20h30. A polícia não localizou testemunhas ou imagens da execução.

Expansão de Magrelo

Levantamento do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), órgão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), mostra que a quadrilha rioclarense já expandiu a área de atuação para, ao menos, mais sete cidades do interior paulista: Jundiaí, Sumaré, São Carlos, Pirassununga, Americana, Leme e Louveira.

O Metrópoles apurou que há indícios de que os rivais da maior facção criminosa do Brasil também tenham os mesmos planos: dominar ainda mais a atuação no narcotráfico paulista, estado no qual existem rotas estratégicas para escoar drogas, principal fonte de renda do Bando do Magrelo e do PCC.

A principal liderança da quadrilha que rivaliza com o PCC é Anderson Ricardo de Menezes, o Magrelo, que já se intitulou como “o novo Marcola”. Mesmo com ele preso desde maio de 2023, o bando segue agindo e promovendo violência na região. Magrelo foi denunciado pelo Gaeco por lavagem de dinheiro. A Justiça atribui ao traficante ao menos 30 mortes na região.

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