No meio de uma correria de jobs, prazos e metas, participei de um curso de meditação Sahaj Samadhi. A primeira tarefa era simples, mas nada fácil: responder em uma folha de papel do que preciso para ser feliz e quando isso iria acontecer.
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Na hora, pensei: “Sério? Só isso?” Mas era exatamente isso. Sem instruções, sem perguntas adicionais, sem chance de tirar dúvidas com o professor. Você pegava uma folha e escrevia.
Voltei para casa, sentei na mesa e encarei a folha A4 em branco. Fiz o que qualquer publicitário provavelmente faria: comecei listando objetivos, metas, prêmios e outras conquistas. Sucesso nos negócios, novos contratos, reconhecimento, crescimento pessoal e profissional.
Mas, à medida que escrevia, as dúvidas foram aparecendo. E se nada disso acontecer? Eu ainda posso ser feliz? Pensei, repensei, risquei a lista e recomecei.
Lentamente, percebi que, mesmo sem conquistar nada daquilo, eu ainda poderia ter coisas que me fizessem feliz, como uma cama para descansar à noite, um prato de comida para me manter alimentado, ver meus filhos com saúde, ter pessoas que amo por perto, segurança, paz e tempo.
A lista, que antes estava cheia de “metas de LinkedIn”, foi se transformando em algo mais essencial (mais real). Menos sobre conquistas e mais sobre presença.
E sabe o mais curioso? No dia seguinte, no curso, várias pessoas compartilharam a mesma descoberta: já tinham praticamente tudo o que consideravam necessário para serem felizes. Só não tinham se dado conta. A virada de chave foi coletiva!
Logo depois, ouvi do professor uma metáfora curiosa: um homem perdeu a chave em uma sala escura, mas decidiu procurar na sala ao lado, mais iluminada. “Aqui é mais claro, mais fácil de procurar”, ele disse.
Faz sentido? Nenhum. Mas a gente faz isso o tempo todo.
Quantas vezes buscamos felicidade onde é mais visível, confortável ou validado pelos outros? Quantas vezes repetimos fórmulas, desejos, objetivos que nem são nossos, só porque são bem iluminados?
No marketing, isso se traduz em campanhas que repetem o briefing do ano anterior, em marcas que buscam propósitos genéricos, em criativos que esquecem de si tentando entregar só o que o mercado espera.
Mas, nenhum storytelling funciona se o protagonista não sabe o que quer. E nenhum protagonista sustenta a narrativa se está o tempo todo esperando algo lá na frente pra finalmente se sentir completo.
Por isso, te convido a fazer o mesmo exercício. Não precisa ser místico nem espiritual. É só pegar uma folha. E escrever: do que você precisa para ser feliz e quando isso vai acontecer?
A resposta pode surpreender e quem sabe, transformar também o jeito que você se comunica com o mundo.
Alvaro Fernando é produtor musical premiado em Cannes, Londres e Nova York.