Meses após a análise sobre a representatividade feminina na liderança da moda que revelou baixa presença de mulheres em cargos de chefia em grifes, os dados mais recentes continuam a reforçar a tendência de um desequilíbrio persistente, mesmo após o período de renovações nestes postos de trabalho.
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Na Bottega Veneta, Louise Trotter é uma das quatro designers a assumir uma nova marca de luxo
Um levantamento da plataforma 1granary realizado no início de 2025 revelou que apenas 12% dos cargos de direção criativa nas principais casas de moda de luxo eram ocupados por mulheres. Essa estatística mostra um problema que, mesmo conscientizado na sociedade, persiste na indústria, em que o potencial feminino permanece inexplorado e preterido. Enquanto isso, uma pesquisa anual da Drapers sobre empresas de varejo de moda indica um lento progresso na representação feminina nos conselhos de administração.
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Em 2024, as mulheres ocupavam em média 37% dos cargos nesses conselhos, o que representa um aumento em relação aos 32% em 2023 e 28,1% em 2020. No entanto, a maioria dessas posições são cargos não executivos, com apenas 19% das mulheres em funções executivas, como CEO e CFO (chefe do setor financeiro). Esse número representa um retrocesso em relação aos 25% alcançados em 2022, retornando aos níveis de 2020.
Silvia Venturini Fendi é diretora criativa da grife que carrega seu sobrenome
Mudanças nas grifes não garantiram espaço feminino
Desde a metade do ano passado, 17 novos designers foram nomeados para a direção criativa de grandes grifes, mas apenas quatro deles são mulheres. Este é um desequilíbrio notável em um setor que, apesar de ser fortemente impulsionado pela moda e acessórios femininos, parece não avançar nas questões de diversidade de gênero e raça.
A mais recente dessas nomeações é a de Meryll Rogge como diretora criativa da Marni, assumindo as coleções femininas, masculinas, acessórios, design de loja e comunicações. Ela substitui Francesco Risso, que deixou a marca italiana após quase dez anos. Com a nomeação, Rogge se torna a única designer feminina no portfólio da OTB, holding que também controla marcas como Maison Margiela, Jil Sander e Diesel.
Meryll Rogge, diretora da Marni
Outras mulheres que assumiram cargos de diretora criativa em grandes casas de moda este ano incluem Louise Trotter, que fará sua estreia na Bottega Veneta em setembro e é a única designer feminina no grupo de luxo Kering — que detém Gucci, Balenciaga e Saint Laurent, entre outras. Além delas, foram nomeadas Sarah Burton na Givenchy e Veronica Leoni na Calvin Klein.
Enquanto isso, o mundo da moda continua a considerar disruptivas novidades masculinas como Dario Vitale na Versace, Matthieu Blazy na Chanel, Demna na Gucci e Glenn Martens na Maison Margiela.
Sarah Burton fez seu nome na indústria dos vestidos de noiva
A nova diretora criativa da Calvin Klein
Apesar de algumas nomeações femininas de destaque em grandes etiquetas, a proporção de mulheres em posições de liderança criativa nas grandes grifes ainda é significativamente baixa. Enquanto isso, a indústria parece não se preocupar em mudar esse cenário, repetindo velhos nomes masculinos em vagas que rotacionam como uma dança das cadeiras.
Veja o desfile de estreia de Sarah Burton na Givenchy: