Pela primeira vez, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que mais policiais civis e militares morreram por suicídio do que assassinados fora de serviço. De acordo com os dados de 2024, “policiais civis e militares morreram mais por suicídio do que por homicídio na folga”, aponta o levantamento.
O documento também chama atenção para o impacto da saúde mental nas corporações, indicando que o tema “precisa estar na centralidade das políticas de segurança pública”. O número de mortes de policiais em serviço também permanece elevado, com 126 agentes mortos fora da folga e 46 em horário de trabalho, segundo o anuário.
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Ainda segundo o estudo, a maioria dos agentes vítimas de homicídio doloso são homens, negros, com idades entre 40 e 49 anos: “98,4% homens, 65,4% negros, 32,8% na faixa dos 40 a 49 anos”. Além disso, “93,9% das mortes ocorreram com arma de fogo” e “77,2% em via pública”.
O levantamento mostra que a pressão psicológica, jornadas exaustivas e exposição constante a situações de risco são alguns dos fatores apontados como gatilhos para o adoecimento mental.
O anuário destaca também que “os dados reforçam a necessidade de políticas específicas de prevenção, acolhimento e cuidado psicológico para integrantes das forças de segurança”.
Outro ponto citado é o reflexo da violência para além da corporação. Em muitos casos, os suicídios acabam invisíveis nos balanços de criminalidade, dificultando a criação de políticas de apoio.
“O suicídio é um fenômeno complexo que envolve múltiplos fatores individuais, institucionais e sociais”, alerta o relatório.
A publicação defende ainda que é preciso fortalecer programas de escuta, ampliar equipes de apoio psicológico e garantir o sigilo dos atendimentos para reduzir o estigma entre os policiais que buscam ajuda.