Na sua propaganda nacionalista destinada aos ingênuos, o governo Lula postou nas redes sociais a frase “O Pix é nosso, my friend!”. É uma referência ao governo americano ter aberto investigação sobre práticas comerciais desleais da parte do Brasil.
O Pix entrou no pacote por suspeita de ser um instrumento criado pelo governo brasileiro para trazer desvantagens competitivas para empresas dos Estados Unidos que atuam na área de pagamentos eletrônicos, como as operadoras de cartão de crédito.
Danem-se as operadoras americanas de cartão de crédito, porque o PIX é uma das raras coisas boas que saíram da caixa de ferramentas de Brasília.
Leia também
-
Toffoli anula atos da Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef
-
Toffoli se emociona em julgamento no STF sobre redes sociais. Vídeo
-
Senador diz que choro de Toffoli em julgamento é “orgasmo do mal”
Na investigação, os Estados Unidos incluíram também o retrocesso no combate à corrupção no Brasil.
A sincronia não poderia ser mais perfeita: no mesmo dia em que o governo americano divulgou a abertura da investigação, o ministro Dias Toffoli anulou todos os atos da Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef, criminoso confesso cuja melhor definição foi dada pelo Estadão: “o decano dos delinquentes”.
Em editorial publicado hoje, o jornal diz que “o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli fez o impensável até para quem eventualmente já havia se acostumado com seu fervor farisaico para arrancar a Operação Lava Jato dos anais da história nacional”.
Na verdade, é tão pensável que já era previsível, embora não deixe de ser escandaloso.
Na sua decisão, Dias Toffoli disse, veja só, que o Ministério Público agiu “em conluio” com a Polícia Federal. Para fazer afirmação tão grave contra as instituições, o ministro lastreou-se em provas ilegais — aquelas obtidas, em 2019, por meio do hacking clandestino de mensagens trocadas entre procuradores da República.
O editorialista do Estadão transpira indignação: “Já seria gravíssimo caso estivéssemos tratando apenas de um ministro do STF que orgulhosamente debocha do Brasil decente. Mas é pior: sozinho, o que é outro problema, o sr. Toffoli emporcalhou a história republica do Supremo e, como se isso não bastasse, degradou ainda mais a confiança dos brasileiros no sistema de Justiça deste país”.
Apesar da indignação, noto laivos de otimismo no parágrafo do editorialista. Eu o invejo, porque motivos pessoais me impedem de ser minimamente positivo.
Explico: Alberto Youssef ficou livre das condenações da Lava Jato porque foi considerado “vítima de arbitrariedades”, enquanto eu permaneço atolado há seis anos no inquérito do fim do mundo”, porque a revista que criei publicou reportagem verdadeira, lastreada em documento oficial, sobre “o amigo do amigo do meu pai”.
Estamos combinados, então: o Pix é nosso, my friend, e Dias Toffoli também é.