No dia a dia da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, é o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano (PT), quem “carrega o piano” de ouvir as demandas de deputados e senadores – inclusive os da oposição.
Nos últimos três meses, Ceciliano recebeu mais deputados e senadores do que a própria Gleisi: ele se encontrou com 90 integrantes do Legislativo. Já a ministra esteve com 70 deles. Como mostrou a coluna, a agenda de Gleisi na SRI é “PTcêntrica”. Raros são os encontros com parlamentares de outros partidos, e nomes da oposição praticamente não se encontram com a ministra.
Desde o dia 7 de abril deste ano, Ceciliano atua como Secretário Especial de Assuntos Parlamentares da SRI, função que tem como objetivo fazer a interlocução com o Congresso. Desde o começo de abril, Ceciliano acumula 109 encontros com deputados e senadores – ou 1,6 encontro por dia útil.
Assim como Gleisi, a maioria das reuniões de André Ceciliano é com deputados e senadores do PT, mas o partido de Lula, ao qual Ceciliano também é filiado, tem peso menor na composição da agenda dele.
Dos noventa congressistas recebidos por ele, 22 são do PT, 11 são do MDB – um dos principais partidos aliados ao Planalto – e outros 11, do PL, o maior partido de oposição no Congresso. Oito são do PSD de Gilberto Kassab e sete do PP, comandado pelo senador Ciro Nogueira (PI), que é crítico ao governo. Siglas de esquerda como PDT e PSB têm menor presença na agenda dele, com 3 e 2 representantes, respectivamente.
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Só ontem, Ceciliano recebeu, para audiências, os deputados Vicentinho Júnior (PP-TO), Leonardo Monteiro (PT-MG) e Geraldo Mendes (União-RR).
Os números são de levantamento da coluna com base nas agendas públicas de Ceciliano e Gleisi, divulgadas pela plataforma E-Agendas, da Controladoria-Geral da União (CGU). Só são levados em conta, portanto, os compromissos públicos dos dois.
Gestão de Gleisi Hoffmann na SRI acumula derrotas
Ex-presidente do PT e deputada federal eleita pelo PT do Paraná, Gleisi Hoffmann assumiu, em 10 de março deste ano, o comando da SRI. Desde a chegada dela ao posto, o governo sofreu algumas de suas piores derrotas na arena legislativa.
A última – e a pior delas – foi a derrubada, na semana passada, de três decretos de Lula (PT) que aumentavam a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A derrubada se deu pela aprovação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL). A última vez que o Congresso usou o instrumento para cassar um decreto presidencial foi em 1992, ainda no governo do ex-presidente Fernando Collor.
Na votação, o governo amargou votos contrários de 346 deputados, e só 97 favoráveis à manutenção dos decretos de Lula.
À coluna, Gleisi Hoffmann disse manter “interlocução permanente” com os presidentes da Câmara e do Senado, entre outros líderes políticos. A agenda pública de compromissos reflete apenas “parte do diálogo político do governo”, disse ela, em nota.