Como era aguardado com esperança pela direita brasileira, Donald Trump voltou os olhos para Jair Bolsonaro (PL) nesta semana, e citou as acusações contra o ex-presidente como uma das motivações para tarifar em 50% as exportações de produtos do Brasil para os Estados Unidos.
Taxa de 50%
- Depois de ameaças, Trump anunciou uma taxa de 50% sobre produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos.
- Antes, o Brasil já tinha sido afetado com o tarifaço norte-americano.
- A nova taxação contra o Brasil surgiu após críticas de Trump contra os Brics, e da primeira defesa pública do norte-americano ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
- Na carta enviada ao presidente Lula, Trump justificou a nova tarifa como uma resposta aos ataques “às eleições livres”.
- Sem citar nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, Trump ainda afirmou que a taxa também foi motivada devido a ordens do Supremo Tribunal Federal (STF) contra plataformas e redes sociais dos EUA.
O aumento da pressão dos EUA contra o Brasil — e autoridades ligadas ao caso envolvendo Jair Bolsonaro — eram esperadas pela oposição brasileira desde janeiro deste ano, quando Trump assumiu a Casa Branca pela segunda vez.
Por isso, o filho do ex-presidente e deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL), deixou o Brasil rumo aos EUA em fevereiro. Lá, ele decidiu se afastar do mandato na Câmara dos Deputados para estender o que seria uma viagem, com o objetivo de aumentar a articulação que já vinha sendo discutida com parlamentares norte-americanos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O abandono das funções no Legislativo brasileiro coincidiu com o andamento do processo contra Bolsonaro, que naquela altura já tinha sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado.
Leia também
-
Trump cumpre promessa e anuncia tarifa de 50% para produtos do Brasil
-
Trump cita Bolsonaro e “censura” às redes ao tarifar Brasil em 50%
-
Trump ameaça novo aumento de tarifa caso Brasil decida reagir. Veja
-
Lula diz que responderá tarifa de Trump pela Lei da Reciprocidade
Primeiro sinal oficial
Até o início desta semana, Trump pouco havia falado publicamente sobre a situação de Bolsonaro, que enfrenta julgamento no STF, ou do ministro Alexandre de Moraes. Uma das únicas manifestações aconteceu em fevereiro, durante a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), realizada nos EUA.
No evento, Trump fez elogios à família do ex-presidente, e pediu que Eduardo Bolsonaro, que estava presente na conferência, enviasse um “oi” para Bolsonaro.
A primeira declaração oficial vinda de Washington aconteceu apenas em maio, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Representantes dos EUA com o secretário de Estado do país.
Confira:
Questionado por parlamentares sobre possíveis punições contra Moraes, acusado de praticar ativismo judicial para prejudicar Bolsonaro, Marco Rubio falou em “grande possibilidade” de o ministro ser alvo de sanções norte-americanas.
Trump, no entanto, permaneceu em silêncio sobre Bolsonaro e Moraes. Mas o cenário mudou no último fim de semana, enquanto lideranças dos Brics se reuniam no Rio de Janeiro para a cúpula anual do bloco.
Mudança de postura
Antes de aumentar a taxa sobre produtos brasileiros de 10% para 50%, Trump fez uma série de ataques contra os Brics, e defendeu o ex-presidente brasileiro que enfrenta julgamento no STF.
Depois de monitorar a reunião “de perto”, conforme informações divulgadas pela Casa Branca, Trump ameaçou taxar em 10% todos os países do grupo, ou nações que se aproximem dos Brics e de suas políticas “anti-americanas”.
Em meio ao descontentamento com o grupo, composto por onze membros plenos e países parceiros, Trump fez sua primeira defesa pública de Bolsonaro.
5 imagens
Fechar modal.
1 de 5
Reprodução/Truth Social2 de 5
Reprodução/Truth Social3 de 5
Presidente dos EUA, Donald Trump
Andrew Harnik/Getty Images4 de 5
5 de 5
Trump e Jair Bolsonaro
Chris Kleponis-Pool/Getty Images
Na rede social Truth, Trump afirmou que o ex-presidente acusado de golpe “não é culpado de nada”, e classificou as ações judiciais que correm contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” que visam impedir sua participação nas eleições de 2026 — ainda que o ex-capitão do Exército esteja inelegível até 2030, por abuso de poder político e econômico.
Mesmo argumento usado na carta enviada a Lula, onde a tarifa de 50% para produtos brasileiros foi anunciada. Medida que, de acordo com Trump, foi motivada por “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres” e as “centenas de ordens de censura SECRETAS E ILEGAIS às plataformas de mídia social dos EUA” por parte do STF.
“Conheci e me relacionei com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato — inclusive pelos Estados Unidos — é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, disse Trump no início do documento.