Um escorpião pode despertar medo em muitas pessoas, mas quando esse receio se transforma em pânico, há sinais de que algo mais sério está em jogo. Segundo o psicólogo André Sena Machado, mestre e doutor em psicologia clínica e neurociências pela PUC-RJ, o medo de escorpiões pode ter origens variadas, como traumas pessoais, influências culturais ou instintos de autoproteção.
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Instintivamente, humanos tendem a temer animais venenosos como os escorpiões, uma resposta evolutiva que visa à sobrevivência. “Também é comum que esse medo seja reforçado por experiências traumáticas, como ter sido picado, ou pela cultura local, principalmente em regiões onde o risco é real”, explica Machado. A maneira como o medo se desenvolve varia de pessoa para pessoa, mas pode ser potencializado por narrativas, filmes ou alertas comunitários.
Escorpiofobia
Ter medo é diferente de ter fobia. Enquanto o medo é uma resposta proporcional ao risco, a fobia específica — chamada de escorpiofobia, ou aracnofobia quando envolve outros aracnídeos — é um transtorno de ansiedade. “Quem sofre com a fobia pode apresentar reações desproporcionais, como evitar ambientes, ter sudorese, tremores ou mesmo crises de pânico apenas ao ver uma imagem do animal”, diz o especialista.
O problema exige atenção quando passa a interferir na vida cotidiana. Verificações compulsivas em casa, sofrimento emocional constante e sintomas físicos intensos diante de qualquer referência ao escorpião são sinais de alerta. “Nesses casos, a busca por ajuda psicológica é recomendada”, orienta Machado.
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Tratamento
O tratamento mais eficaz costuma ser a terapia cognitivo-comportamental, que trabalha a reestruturação de pensamentos e promove a exposição gradual ao objeto do medo. “Pode começar com fotos e avançar até o contato visual com um escorpião em ambiente seguro”, afirma o psicólogo. Técnicas de relaxamento, como a respiração profunda, ajudam a controlar a ansiedade durante o processo. Em situações mais severas, medicamentos ansiolíticos podem ser indicados com acompanhamento psiquiátrico.
A fobia de escorpiões pode surgir isoladamente, mas não é raro estar associada a outros transtornos de ansiedade, como o transtorno de pânico ou ansiedade generalizada. “Muitas vezes, esse medo anda junto com o medo de outros animais semelhantes, como aranhas”, comenta Machado.
Segundo o especialista, para quem deseja lidar melhor com esse medo no dia a dia, o primeiro passo é buscar informações confiáveis sobre os escorpiões. Compreender que nem todos são letais pode reduzir a sensação de ameaça. Práticas simples, como a respiração lenta e o enfrentamento gradual do medo, podem ajudar.
“Evitar reforçar o medo com comportamentos de esquiva e conversar sobre o tema com pessoas próximas também são atitudes importantes”, conclui o psicólogo. Se o medo persistir, procurar apoio psicológico é o caminho mais indicado.