Para o jornalista e YouTuber Paulo Figueiredo, as sanções contra outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por parte dos Estados Unidos virão “sem sombra de dúvida”, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus dos processos sobre tentativa de golpe de Estado não sejam anistiados.
Em entrevista à coluna, Paulo Figueiredo, 42, disse ainda que o gesto obsceno de Alexandre de Moraes ontem, no jogo entre Corinthians e Palmeiras, mostra que o ministro está “histérico e descontrolado”. “Ele está como um vilão nos capítulos finais da novela”, disse.
Radicado nos EUA, Paulo Figueiredo é um dos aliados mais próximos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro. No STF, ele é réu no processo que apura a possível tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Paulo Figueiredo é neto do último presidente do regime militar, o general João Figueiredo (1918–1999).
Esta semana, o jornalista foi citado nominalmente no decreto de Donald Trump em que o presidente americano confirma a imposição de tarifas de 50% contra diversos produtos brasileiros.
Leia abaixo a íntegra da entrevista.
O sr. acha que existe a possibilidade de outras autoridades brasileiras serem sancionadas?
O próprio texto da lei é claro, oferecendo sanções a todos que tenham “assistido, patrocinado ou fornecido apoio financeiro, material ou tecnológico para tais atos”.
A partir de agora, vamos observar como as autoridades se portam. Caso não venha a anistia, os responsáveis serão sancionados sem sombra de dúvidas.
O que muda no cenário com a nota de ontem do STF em solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes?
Nada. Uma nota esperada e que pareceu acuada.
Como o sr. avalia a atitude do ministro Alexandre de Moraes ontem, indo a um jogo de futebol e fazendo gestos obscenos?
Ele está como um vilão nos capítulos finais da novela: histérico e descontrolado. Também com péssima aparência. E olha que ele ainda nem começou a sentir as consequências.
Até onde o governo dos EUA está disposto a ir na escalada de sanções contra o Brasil?
Eles não sabem jogar truco, mas sabem jogar pôquer. E têm bem mais cacife do que o Brasil.
Na sua avaliação, quanto da ofensiva dos EUA diz respeito ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, e quanto tem a ver com o interesse econômico americano?
Se a carta do Trump, seus posts, as manifestações das autoridades americanas e o que eles têm ouvido nas reuniões não foram o suficiente para entenderem que não se trata de uma questão comercial, então não sei como podem explicar.
Tampouco é só sobre o julgamento de Bolsonaro, mas sobre a repressão política no país, da qual o ex-presidente é o maior símbolo.