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    PMs mataram homem em situação de rua “por mero sadismo”, diz MPSP

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    O Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) afirmou que os policiais militares que fuzilaram um homem em situação de rua, na Sé, centro da capital paulista, no mês passado, agiram “por mero sadismo e de modo a revelar absoluto desprezo pelo ser humano”. Os dois agentes do 7° Batalhão da Polícia Militar (BPM) foram presos na última terça-feira (22/7), pela Corregedoria.

    Os policiais militares Allan Wallace e Danilo Gehrinh disseram, em registro policial, que o indivíduo foi abordado “em atitude suspeita”. O histórico diz que durante a ação policial, o suspeito resistiu, tentou retirar a arma de um dos agentes e, por isso, os militares efetuaram disparos de arma de fogo contra ele.

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    Em contramão ao relatado por Alan e Danilo, o promotor de Justiça Enzo de Almeida, em denúncia obtida pelo Metrópoles, argumentou que a vítima já estava rendida e desarmada. Sem que pudesse esboçar qualquer reação, o homem ainda foi conduzido para um local pouco iluminado e de baixo movimento, onde foi atingido por três disparos.

    “É certo que os denunciados Allan Wallace e Danilo, policiais militares no exercício de suas funções, agiram impelidos por motivo torpe, deliberando matar o suspeito por mero sadismo e de modo a revelar absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima, pessoa em situação de vulnerabilidade social”, destacou o promotor.

    A denúncia também afirma que ambos agiram com “ânimo homicida” e que Danilo inclusive interrompeu o algemamento do homem e colocou a mão sobre a lente da câmera corporal no momento dos disparos efetuados por seu comparsa. O promotor acredita que a ação visava obstruir o registro da ocorrência de execução da vítima.

    Homem em situação de rua morto por PMs

    • Jeferson de Souza, de 23 anos, foi morto com três tiros de fuzil, um na cabeça e dois no tórax, na Rua da Figueira, debaixo do Viaduto 25 de Março. Segundo o registro oficial da ocorrência, o homem foi abordado “em atitude suspeita”.
    • O histórico aponta que, durante a ação policial, o suspeito resistiu, tentou retirar a arma de um dos agentes e por isso os policiais militares efetuaram disparos de arma de fogo contra ele.
    • Ao contrário do que disse a corporação, a reportagem apurou com um dos participantes da ocorrência que o homem baleado não estava armado, não reagiu e nem tentou retirar a arma de um dos agentes.
    • De acordo com a polícia, a vítima chegou a ser socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Casa, mas não resistiu.
    • O registro aponta que o homem era “morador de área livre” e, por isso, não portava documentos. Na ocasião, a ocorrência foi encaminhada ao 1° DP (Liberdade).

    A fonte ouvida pela reportagem, que preferiu não se identificar, afirmou que a ação dos policiais foi um erro grave de procedimento, visto que, em casos envolvendo abordagens com os agentes portando fuzil, em uma possível ameaça, apenas um disparo já é o suficiente para neutralizá-la. No caso em questão, foram dados três tiros.

    Além disso, os agentes da ocorrência demoraram mais do que o habitual para acionar o socorro, dando tempo para que outras viaturas chegassem no endereço e manipulassem a cena e o registro da ocorrência, apurou a reportagem. O procedimento normal é chamar o resgate imediatamente.