Durante entrevista ao programa Contexto Metrópoles, nesta quarta-feira (23/7), o pastor Silas Malafaia, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendeu que não há motivo para pressa na definição de um eventual candidato apoiado por Bolsonaro nas eleições de 2026. O líder religioso criticou o que chamou de “cobrança injusta” sobre o ex-mandatário, que se encontra inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Bolsonaro continua candidato. E lembrando ao público: Lula, na cadeia, condenado, no último dia da liberação do TSE para decidir quem era o candidato, ungiu Haddad”, disse Malafaia. “E por que o presidente Jair Bolsonaro tem que falar agora sobre sucessão? Quem vai sucedê-lo?”, questionou.
Segundo ele, é comum que lideranças políticas definam apoios de última hora e que o cenário eleitoral seja, por natureza, volátil.
“Lula, condenado, deixou para o último dia do prazo legal para dizer: ‘Quem vai ser meu candidato é o Haddad’. Bolsonaro nem foi condenado. E é tudo muito dinâmico. Lula, que era condenado, foi depois descondenado”, argumentou.
A declaração de Malafaia ocorre em meio a movimentações dentro da direita para definir um nome de consenso visando as eleições presidenciais. Mesmo inelegível, Bolsonaro tem mantido forte influência no debate político e nas redes sociais — o que tem gerado expectativas sobre um possível “ungido” do ex-presidente para a disputa.
Apesar disso, Bolsonaro ainda não indicou oficialmente um sucessor e tem evitado cravar nomes, o que, para Malafaia, é uma estratégia legítima. “Estão exigindo de Bolsonaro uma definição que nem Lula teve quando estava preso. Vamos parar com essa incoerência”, completou.
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Bolsonaro inelegível
O ex-mandatário encontra-se inelegível até outubro de 2030 em decorrência de decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2023, o TSE concluiu, por votação de 5 a 2, que a chapa Bolsonaro–Braga Netto cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao realizar campanha durante evento oficial com embaixadores em julho de 2022.
A condenação impôs oito anos de inelegibilidade, válidos desde as eleições de 2 de outubro de 2022, encerrando-se automaticamente em 2 de outubro de 2030. Apesar de recursos ao TSE e ao STF, a inelegibilidade permanece em vigor enquanto não houver decisão favorável que suspenda o lapso aplicável.
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Possíveis candidatos apadrinhados por Jair
Com a inelegibilidade de Bolsonaro, a direita brasileira observa uma sucessão em aberto, com diversos nomes emergindo como potenciais candidatos com ligação ao bolsonarismo. Entre os mais cotados estão o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto por aliados como gestor experiente e opção natural, embora ele tenha afirmado que não pretende se candidatar, a menos que Bolsonaro defina outro destino. A própria ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é um nome ventilado por alguns quadros políticos.
Também são mencionados no campo da direita o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que anunciou que irá lançar sua candidatura no início da semana que vem, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que já lançou sua pré-candidatura e iniciou articulações nacionais.