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    Presidente do PT diz que Trump impõe “agenda autoritária” ao Brasil

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    O presidente nacional do PT, Edinho Silva, classificou nesta sexta-feira (25/7) o tarifaço comercial imposto pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil como uma “agenda autoritária” liderada pelo presidente norte-americano Donald Trump.

    Edinho, que foi prefeito de Araraquara (SP) e ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), disse que o governo brasileiro tem se esforçado nas negociações comerciais com a Casa Branca, mas não pode se submeter a todas as exigências de Trump.

    Trump anunciou a aplicação de tarifas extras de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil aos norte-americanos. As taxas, em tese, deve entrar em vigor a partir do dia 1º de agosto e, até o momento, não houve grande avanço nas negociações entre o governo brasileiro e a Casa Branca.

    Os EUA também instauraram investigação comercial, aberta pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR, na sigla em inglês), a pedido de Trump. O governo norte-americano afirma que a análise pretende investigar supostas práticas comerciais desleais do Brasil em relação aos EUA e cita como exemplo as recentes disputas judiciais envolvendo plataformas digitais.

    “Estamos vendo agora essa agenda autoritária imposta pelo governo Trump ao Brasil, que teve um verniz político. Por trás disso, o que motiva é o Pix, um modo de pagamento gratuito para a população brasileira, e também um discurso de como o Brasil vai usar as terras raras”, afirmou Edinho, durante participação em um painel com outros líderes políticos na Expert XP, em São Paulo.

    Além dele, participaram do painel o prefeito do Recife e presidente nacional do PSB, João Campos; o presidente do União Brasil, Antonio Rueda; e o ministro dos Transportes do governo Lula, Renan Filho (MDB).

    “Se a questão central for o debate da balança comercial, os EUA têm superávit com o Brasil nos últimos 15 anos. É o Brasil que deveria estar reivindicando condições melhores. O esforço que o Brasil está fazendo é imenso. Oficializamos uma proposta de negociação em maio. Há um caminho imenso de negociação pela frente”, defendeu Edinho.

    “Se for uma retaliação ao fato de o Brasil participar dos Brics, é preciso dizer que qualquer país do mundo tem direito ao multilateralismo, a negociar com outros países do planeta”, prosseguiu o dirigente petista, eleito recentemente para a presidência do partido.

    “Isso não pode ser problema para o mundo. O direito de um país construir relações fora da percepção hegemônica não pode ser problema para o mundo. O que temos de estranhar é a reação autoritária”, criticou.

    Segundo o presidente do PT, “o Brasil pode negociar terras raras, mas de forma soberana, como uma nação soberana”. “Não posso concordar que os EUA tenham uma posição autoritária e hegemônica. E ele [Trump] está desorganizando a economia mundial. A Terceira Guerra Mundial pode não ser bélica, mas econômica. E pode ser tão devastadora quanto as outras guerras mundiais”, completou Edinho Silva.

    João Campos

    João Campos, prefeito do Recife e presidente do PSB, também criticou o comportamento de Trump e defendeu a insistência do governo brasileiro nas negociações.

    “Se a gente acha que é normal o que está acontecendo, algo em nós está errado. Temos uma relação comercial histórica de 200 anos com os EUA. A grande motivação, escrita e assinada pelo presidente, coloca um viés político em cima de instituições e Poderes de um outro país”, afirmou.

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    Antonio Rueda

    Antonio Rueda, presidente do União Brasil (que integra o primeiro escalão do governo Lula com três ministérios), criticou Lula e disse que o Brasil precisa abrir um canal de diálogo com Trump para tentar reverter as tarifas.

    “A gente conhece o Trump porque ele já foi presidente. Sim, o presidente Lula provocou e instigou essa situação. Enquanto o mundo ocidental defendia a Ucrânia, o presidente foi lá e defendeu a Rússia. Foi lá bater palma e fazer claquete para o Hamas no Oriente Médio. No Brics, ele defendeu o diálogo para extinguir o dólar. Não tem como o Trump ficar calado. Ele já é um personagem caricato”, afirmou Rueda.

    “O Brasil precisa abrir esse diálogo de imediato, com muita temperança, e não ficar pensando em dividendos políticos”, completou o presidente do União Brasil.

    Renan Filho

    Adotado um tom mais comedido, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), rebateu as críticas de Rueda e disse que “não há falta de diálogo por parte do Brasil” com os EUA.

    “Está faltando diálogo da outra parte. O ministro Geraldo Alckmin [vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços] está 20 horas por dia trabalhando, ligando, falando com representantes de comércio do governo americano”, destacou. “As questões comerciais precisam ser discutidas, mas o Brasil não pode substituir o seu direito como nação porque uma outra nação assim deseja.”

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    O evento

    A Expert XP, que chega à 15ª edição em 2025, acontece nesta sexta-feira e no sábado (26/7), na São Paulo Expo, na capital paulista. A expectativa dos organizadores é a de que o público supere os 45 mil participantes da edição anterior, em 2024.

    Em edições anteriores, a Expert XP já contou com nomes como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, os ex-atletas Magic Johnson, Serena Williams e Tom Brady, além do historiador e filósofo israelense Yuval Harari, da ativista paquistanesa Malala Yousafzai e do economista e empresário Mohamed El-Erian.