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    Preta Gil: o que é o luto em vida e como se fortalecer na despedida

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    Nesse domingo (20/7), o Brasil se despediu de uma das grandes vozes da música nacional. Diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023, Preta Gil enfrentou a doença com coragem, cercada pelo amor de familiares e amigos. Nos últimos meses, em tratamento experimental nos Estados Unidos, a cantora viveu o que muitos especialistas em saúde mental chamam de luto em vida: o processo de preparação para o adeus.

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    Embora o câncer colorretal tenha chances consideráveis de cura quando diagnosticado precocemente, a doença é severa e compromete de forma substancial a qualidade de vida dos pacientes. A batalha de Preta durou cerca de três anos e, mesmo diante do agravamento do quadro, a cantora escolheu viver seus últimos momentos de forma intensa e rodeada por aqueles que amava.

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    Segundo a psicóloga Cibele Santos, o processo vivido por Preta e sua rede de apoio exemplifica o luto antecipatório, ou luto em vida — etapa emocional que antecede a perda. “Diferente do luto tradicional após a morte, ele permite que a pessoa enlutada e seus familiares se preparem emocionalmente para a despedida, enfrentando a dor e a saudade de forma gradual”, explica.

    Morte de Preta Gil chama atenção para o processo de luto em vida

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    No caso da mãe de Franscisco Gil, a rotina complicada em função do tratamento foi aliviada com a presença de amigos e familiares durante todo processo terapêutico. Em abril, Preta subiu ao palco pela última vez, ao lado do pai, Gilberto Gil. Juntos, eles entoaram os versos de Drão, música composta para sua mãe, Sandra Gadelha. O gesto, singelo e grandioso, foi interpretado por muitos como um ritual de despedida implícita.

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Preta Gil compartilhou foto com a amiga Ju de PaullaFechar modal.1 de 7

    Preta Gil com Carolina Dieckmann, Malu Barbosa e Mari Lobo

    Reprodução/Instagram @pretagil2 de 7

    Preta Gil ao lado do pai, Gilberto Gil

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    Francisco e Preta Gil

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    Em tratamento nos EUA, Preta Gil posa ao lado da irmã, Bela Gil, e amigos

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    Gominho fala do tratamento de Preta Gil nos EUA: “Gana de viver”

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    Preta Gil compartilhou foto com a amiga Ju de Paulla

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    Carolina Dieckmmann viajou correndo aos EUA após piora de Preta Gil

    Reprodução

    No bastidor deste processo, amigos como o influenciador Gominho — que deixou o trabalho para acompanhá-la —, a atriz Carolina Dieckmann, Ju de Paulla e Malu Barbosa estiveram ao lado da cantora em Nova York, dividindo com ela o peso dos dias difíceis e celebrando pequenas alegrias diante do tratamento. Para Cibele, essas presenças são essenciais no processo de aceitação da partida.

    “Viver o luto é o primeiro passo para que a transição entre a ausência do ente querido se transforme em um processo de amadurecimento para a própria vida. Mas lembre-se: todo processo possui suas fases que precisam do tempo necessário para serem vividas”, orienta.

    Como apoiar quem está partindo

    Para quem acompanha alguém em estágio terminal, a psicóloga reforça que o apoio emocional é tão vital quanto qualquer tratamento. “Diante desse momento, é necessário se fazer presente, ter uma escuta ativa e, o mais importante, reforçar a felicidade em compartilhar a vida, sem julgamentos”, destaca Cibele.

    Criar um ambiente seguro, onde o paciente possa expressar medos e expectativas, também é fundamental. “Permita que a pessoa tome decisões sobre seus cuidados, seu tratamento e seus últimos desejos, respeitando sua autonomia e dignidade”, completa.

    Valorizar o momento presente e incentivar pequenos prazeres é outra estratégia exemplificada pela especialista como uma forma de suavizar a travessia. “Incentive a pessoa a aproveitar o tempo que lhe resta, fazendo coisas que lhe tragam alegria e significado”, orienta a especialista.

    A dor de quem fica

    Para aqueles que assumem o papel de apoio e são atravessados com a dor da perda, Cibele reflete a importância de estar atento aos próprios limites. “Reconheça que a dor faz parte do processo e que é importante vivenciá-la. Não se abandone: mantenha uma alimentação saudável, pratique exercícios físicos e durma bem, pois isso ajuda a fortalecer a saúde mental”, recomenda Cibele.

    Foto colorida de uma mulher segurando a mão de outra - MetrópolesNão hesite em procurar ajuda profissional especializada

    O luto, segundo ela, pode vir carregado de sentimentos ambíguos como culpa, raiva, ansiedade, além de confusão mental e alterações comportamentais. Nesse contexto, buscar apoio psicológico especializado é não só recomendado, mas necessário.

    “Psicólogos e terapeutas especializados em luto podem auxiliar a lidar com as emoções complexas e a desenvolver estratégias de enfrentamento”, aconselha.

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