Pesquisa Quaest, divulgada neste sábado (19/7), mostra polarização no debate digital sobre a operação da Polícia Federal (PF) e determinação de tornozeleira eletrônica para o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Cerca de 41% das menções do tema nas redes sociais defenderam o político, reproduzindo críticas ao Supremo Tribunal Federeal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. Por outro lado, 59% manifestaram apoio à operação e reforçaram o apelo por investigação.
Segundo a pesquisa, após o anúncio de operação e determinação de tornozeleira eletrônica para Bolsonaro, foram coletadas mais de 1.3 milhões de menções sobre assunto nas redes, com um alcance estimado de 105 milhões perfis por hora. O pico de menções foi registrado por volta das 10h, cerca de 2h após o início da operação.
A Quaest apontou que perfis à esquerda comemoram as medidas impostas pelo STF contra Bolsonaro adotando um tom de ironia e alívio: “As publicações destacaram as restrições nas redes e o uso da tornozeleira como símbolos de justiça sendo feita. Além disso, relembraram críticas à gestão do ex-presidente, especialmente sobre a época de pandemia”. As tags “BOLSONARO NA CADEIA” e “GRANDE DIA” foram utilizadas por governistas.
Fachada do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Comboio que trouxe o ex-presidente Jair Bolsonaro ao Centro integrado de monitoração Eletrônica (CIME), para colocar a tornozeleira eletrônica
Samuel Reis
Bolsonaro chegando ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Jair Bolsonaro responde jornalistas ao deixar o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (CIME)
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Bolsonaro nega intenção de deixar o Brasil
Samuel Reis
Jair Bolsonaro fala com a imprensa
Samuel Reis
Por outro lado, o levantamento mostrou que apoiadores de Bolsonaro reagiram à operação da PF acusando o STF de abuso de autoridade e perseguição política: “Em publicações, internautas e parlamentares falam em prisão política e denunciam uma suposta ditadura do Judiciário, usada para silenciar adversários enquadradas como perseguição política para deslegitimar a decisão”.
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Um dado importante ressaltado pela Quaest se dá pelo fato de que, entre as narrativas mais recorrentes entre os defensores de Bolsonaro, destacou-se a associação da operação a “censura” e “ditadura”, presente em 10% das postagens, reforçando a ideia de perseguição política. “Com notícias divulgando a ação da PF envolvendo o ex-presidente, buscas pelo nome de Bolsonaro explodem com, proporcionalmente, 5 vezes mais buscas que a média de junho”, diz o estudo.
Aplicativos de mensagem
A pesquisa também realizou monitoramento no Whatsapp, Telegram e Discord. Nos grupos públicos bolsonaristas, a cada 100 mil mensagens, 32 mil estiveram relacionadas a críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes. Mensagens sobre o uso de tornozeleira de Bolsonaro apareceram em seguida, com 12%.
“Críticas a Lula foram o terceiro maior tema mencionado nos grupos públicos alinhados à direita. Importante notar também que já começam a surgir chamados para manifestações. Estas correspondem a 2 mil a cada 100 mil menções. Por fim, e teorias da conspiração, associando STF e Lula ao Satanismo e maçonaria, corresponderam a 1 mil a cada 100 mil menções”, detalha a Quaest Insider.