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    Quem é o empresário alvo da PF que recebeu R$ 10 bi do governo federal

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    Um dos alvos da Operação Route 156, da Polícia Federal (PF), que investiga esquema de desvios em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) foi o empresário Luiz Otávio Fontes Junqueira.

    Ele é presidente da LCM Construção e Comércio, cuja sede em Belo Horizonte (MG) foi alvo de busca e apreensão da corporação na manhã de terça-feira (22/7).

    A residência de Junqueira, em Nova Lima (MG), também foi alvo de ação da PF, onde foram apreendidos 3 carros da marca Porsche.

    Como mostrou a coluna, a empresa presidida por Junqueira acumula bilhões de reais recebidos pelo governo federal por meio de contratos. Desde 2014, ano da criação da empreiteira, até hoje, foram cerca de R$ 10 bilhões recebidos.

    Parte desses valores veio de emendas parlamentares, verbas destinadas por deputados e senadores. Por meio desse mecanismo foram destinados à empresa cerca de R$ 418 milhões, dos quais R$ 71 milhões vieram do “orçamento secreto”, cuja destinação não tem transparência.

    Segundo a decisão da Justiça Federal que autorizou as ações da PF na terça-feira (22/7), laudos periciais evidenciam a participação da empresa em pregões “com vícios insanáveis e comportamento atípico, com propostas com desconto nulo ou acima do preço de referência, simulando competição que jamais existiu”.

    O documento ainda destaca que Junqueira teria “se beneficiado do direcionamento de licitações”, operando um suposto esquema de “lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados e realizados por interpostas pessoas”.

    O total desses saques, diz a apuração, seria de R$ 680 mil.

    A empresa, contudo, nega qualquer irregularidade (leia mais abaixo).

    Imagens coloridas mostram lateral de viatura com distintivo e inscrição da Polícia Federal, além de dois agentes com coletes da corporação à frente do veículo

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    Os altos montantes arrecadados pela empresa, inclusive por meio de contratos com o governo federal, guardam relação direta com a ascensão da operação Lava Jato.

    Em 2014, a investigação começou a atingir uma série de grandes empreiteiras, que quebraram ou ficaram impedidas de fechar contratos com a administração pública. Nessa esteira, a LCM ganhou espaço em pregões e grandes licitações a nível federal.

    A operação Route 156, da qual Junqueira foi alvo na terça-feira, investiga supostas irregularidades ocorridas nos processos licitatórios para obras da rodovia federal BR-156.

    No entanto, esta não é a primeira vez que obras da LCM ficam sob suspeita das autoridades.

    Junqueira responde a um processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF) do Pará por suposto superfaturamento da obra de um hospital em Santarém. Neste ano, a Justiça Federal considerou improcedentes os pedidos do MPF.

    O órgão, então, recorreu contra a sentença e agora aguarda julgamento do recurso pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília.

    Defesa

    Em resposta à coluna, a LCM nega qualquer irregularidade nos procedimentos licitatórios que participou perante a Superintendência do Dnit do Amapá, bem como na execução dos contratos firmados com a referida autarquia.

    “A empresa e seu diretor estão à inteira disposição das autoridades, confiando que os fatos sob investigação serão prontamente esclarecidos”, afirmou.

    Já o Dnit, também em nota, afirma que o órgão colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos e diz repudiar “qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa”.

    “As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias […] O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública”, diz trecho da manifestação.