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    Reino Unido propõe retirada de crianças doentes de Gaza

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    O Reino Unido está trabalhando com a Jordânia em planos para lançar ajuda humanitária por via aérea em Gaza e evacuar crianças que necessitam de assistência médica, em meio aos crescentes alertas sobre a fome generalizada que atinge o território palestino.

    A informação foi confirmada neste sábado (26/7) pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em conversa com os líderes da França e da Alemanha.

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    Segundo comunicado do governo britânico, os líderes concordaram que “seria vital garantir planos robustos para transformar um cessar-fogo urgentemente necessário em uma paz duradoura”.

    “O primeiro-ministro explicou como o Reino Unido também vai avançar com planos para trabalhar com parceiros como a Jordânia para lançar ajuda aérea e evacuar crianças que precisam de assistência médica”, diz o texto sobre o diálogo com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler federal alemão Friedrich Merz.

    O gabinete de Merz disse que houve “amplo consenso” durante a chamada. “Estaremos coordenando muito de perto nos próximos dias para dar os próximos passos”, disse.

    Ajuda aérea é “cortina de fumaça”, diz ONU

    Para o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, os lançamentos aéreos são “uma distração e uma cortina de fumaça”. Segundo ele, o método é incapaz de reverter a fome em Gaza.

    “Uma fome provocada pelo homem só pode ser resolvida com vontade política. É preciso acabar com o cerco, abrir as passagens e garantir movimento seguro e acesso digno às pessoas necessitadas”, afirmou Lazzarini.

    Ele reforçou que os lançamentos aéreos são perigosos. “Eles são caros, ineficientes e podem até matar civis famintos”, alertou.

    Em 2024, Emirados Árabes Unidos, Jordânia, França e outros países realizaram lançamentos aéreos de ajuda em Gaza, em um momento em que o transporte terrestre de suprimentos também enfrentava restrições. Na ocasião, problemas durante a queda das caixas causaram vítimas entre os palestinos.

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    KHAN YUNIS, GAZA – 15 DE JUNHO: Palestinos fazem fila com seus recipientes para receber refeições quentes distribuídas por organizações humanitárias em Mewasi, enquanto a crise alimentar se agrava devido aos ataques contínuos de Israel em Khan Yunis, Gaza, em 15 de junho de 2025

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    Israel sofre pressão para ampliar ajuda

    Na sexta-feira (25/7), Israel informou que voltará a permitir lançamentos aéreos de produtos humanitários feitos por países estrangeiros.

    O governo israelense sofre pressão para autorizar a entrada de assistência humanitária no território. O país impôs um bloqueio total à entrada de suprimentos em Gaza em 2 de março, depois que as negociações para prolongar um cessar-fogo com o Hamas fracassaram. No fim de maio, voltou a permitir o ingresso limitado de recursos essenciais.

    O exército israelense defende que “não limita o número de caminhões que entram na Faixa de Gaza” e acusou as organizações humanitárias e a ONU de não recolherem e distribuírem os alimentos.

    ONGs relatam fome severa em todo o território

    Organizações humanitárias, por sua vez, acusam o exército israelense de impor restrições excessivas aos produtos e às rotas disponíveis para transportar a ajuda até os pontos de distribuição.

    ONGs também relatam que a ofensiva militar em curso tem feito seus próprios funcionários palestinos “definharem” e que cada vez mais crianças estão morrendo por falta de alimentos.

    Ao menos 85 crianças e 42 adultos morreram de causas relacionadas à desnutrição em Gaza, segundo o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde do território.

    Mortos enquanto aguardam ajuda

    O atual modelo de distribuição de ajuda humanitária também é duramente criticado internacionalmente. Neste sábado, 40 pessoas morreram enquanto esperavam por ajuda humanitária, incluindo 16 que foram baleadas pelo exército israelense perto da Cidade de Gaza.

    Segundo autoridades de saúde palestinas, mais de mil pessoas já morreram em situações similares desde que a GHF (Fundação Humanitária de Gaza), apoiada por Israel e pelos EUA, assumiu a distribuição de ajuda humanitária.