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    Risco de infarto e AVC diminui após vacinação contra gripe e Covid

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    Novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC, na sigla em inglês) podem mudar a forma como entendemos a prevenção de doenças do coração. Segundo o texto, vacinas como as da gripe, da Covid-19 e da pneumonia não apenas evitam infecções respiratórias, mas também têm efeito direto na redução do risco de infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.

    A recomendação foi publicada em  junho, no European Heart Journal, um dos periódicos científicos mais respeitados. No documento, especialistas da ESC afirmam que a vacinação deve ser considerada o “quarto pilar” da prevenção cardiovascular, ao lado do controle da pressão arterial, do colesterol e da glicose no sangue.

    Isso significa que tomar vacinas regularmente pode ser tão importante para a saúde do coração quanto manter a pressão arterial ou a diabetes sob controle.

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    A justificativa está em como o corpo reage a infecções. Quando uma pessoa pega uma gripe, por exemplo, o sistema imunológico entra em alerta e produz uma série de substâncias inflamatórias que afetam o coração.

    Essas substâncias aumentam o risco de formação de coágulos, deixam placas de gordura nas artérias mais instáveis e exigem que o coração trabalhe mais. Tudo isso pode desencadear um infarto ou derrame, especialmente em pessoas que já têm algum problema cardíaco.

    10 imagensO acidente pode ocorrer por diversos motivos, como acúmulos de placas de gordura ou formação de um coágulo – que dão origem ao AVC isquêmico –, sangramento por pressão alta e até ruptura de um aneurisma – causando o AVC hemorrágico
Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos, como: dor de cabeça muito forte, fraqueza ou dormência em alguma parte do corpo, paralisia e perda súbita da fala
O derrame cerebral não tem cura, entretanto, pode ser prevenido em grande parte dos casos. Quando isso acontece, é possível investir em tratamentos para melhora do quadro e em reabilitação para diminuir o risco de sequelas
Na maioria das vezes, acontece em pessoas acima dos 50 anos, entretanto, também é possível acometer jovens. A doença pode acontecer devido a cinco principais causas
Tabagismo e má alimentação: é importante adotar uma dieta mais saudável, rica em vegetais, frutas e carne magra, além de praticar atividade física pelo menos 3 vezes na semana e não fumar
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    O acidente vascular cerebral, também conhecido como AVC ou derrame cerebral, é a interrupção do fluxo de sangue para alguma região do cérebro

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    O acidente pode ocorrer por diversos motivos, como acúmulos de placas de gordura ou formação de um coágulo – que dão origem ao AVC isquêmico –, sangramento por pressão alta e até ruptura de um aneurisma – causando o AVC hemorrágico

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    Muitos sintomas são comuns aos acidentes vasculares isquêmicos e hemorrágicos, como: dor de cabeça muito forte, fraqueza ou dormência em alguma parte do corpo, paralisia e perda súbita da fala

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    O derrame cerebral não tem cura, entretanto, pode ser prevenido em grande parte dos casos. Quando isso acontece, é possível investir em tratamentos para melhora do quadro e em reabilitação para diminuir o risco de sequelas

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    Na maioria das vezes, acontece em pessoas acima dos 50 anos, entretanto, também é possível acometer jovens. A doença pode acontecer devido a cinco principais causas

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    Tabagismo e má alimentação: é importante adotar uma dieta mais saudável, rica em vegetais, frutas e carne magra, além de praticar atividade física pelo menos 3 vezes na semana e não fumar

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    Pressão alta, colesterol e diabetes: deve-se controlar adequadamente essas doenças, além de adotar hábitos de vida saudáveis para diminuir seus efeitos negativos sobre o corpo, uma vez que podem desencadear o AVC

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    Defeitos no coração ou vasos sanguíneos: essas alterações podem ser detectadas em consultas de rotina e, caso sejam identificadas, devem ser acompanhadas. Em algumas pessoas, pode ser necessário o uso de medicamentos, como anticoagulantes

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    Drogas ilícitas: o recomendado é buscar ajuda de um centro especializado em drogas para que se possa fazer o processo de desintoxicação e, assim, melhorar a qualidade de vida do paciente, diminuindo as chances de AVC

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    Aumento da coagulação do sangue: doenças como o lúpus, anemia falciforme ou trombofilias; doenças que inflamam os vasos sanguíneos, como vasculites; ou espasmos cerebrais, que impedem o fluxo de sangue, devem ser investigados

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    Um dos estudos citados nas novas diretrizes da ESC mostrou que pacientes que tomaram a vacina da gripe logo após sofrerem um infarto tiveram 41% menos risco de morrer, ter outro ataque ou apresentar complicações no stent (dispositivo usado para desobstruir artérias). Outras pesquisas reunindo mais de 9 mil pacientes com histórico de problemas cardíacos também apontam que a vacinação reduziu em 45% o risco de morte por qualquer causa.

    A proteção também foi vista com a vacina contra a pneumonia. O imunizante foi relacionado à redução de aproximadamente 10% do risco de eventos cardiovasculares em idosos. Os dados sobre a vacina contra a Covid-19 são baseados em observações clínicas, ou seja, sem experimentos controlados, mas indicam que ela pode ajudar a prevenir complicações como infartos e arritmias.

    Os especialistas da ESC destacam ainda que novas vacinas, como a que protege contra o vírus sincicial respiratório (VSR), também são estudadas pelo potencial de proteger o coração. O VSR é mais conhecido por causar bronquiolite em crianças, mas também pode agravar problemas respiratórios e cardíacos em idosos e pessoas com doenças crônicas.

    Os especialistas ressaltam que os eventos adversos graves associados às vacinas são extremamente raros — menos de 10 casos a cada 100 mil doses aplicadas. No caso específico da vacina contra a Covid-19, os episódios de inflamação no coração (miocardite) são muito menos frequentes do que as complicações causadas pela própria doença, e quando acontecem, geralmente são leves e reversíveis.

    De acordo com a recomendação, qualquer pessoa com histórico de problemas no coração deve manter o calendário de vacinação em dia. Isso inclui quem já teve infarto, vive com insuficiência cardíaca, tem doença arterial coronariana ou outras condições crônicas.

    Quem deve se vacinar?

    O consenso recomenda imunização anual contra influenza, além de vacinas contra pneumococo, Covid‑19, herpes-zóster, VSR e outras infecções respiratórias, em pacientes com:

    • Doença arterial coronariana (incluindo pós-SCA).
    • Insuficiência cardíaca.
    • Doenças crônicas de base.

    Também devem ser priorizados: grávidas, transplantados cardíacos e pacientes com cardiopatias congênitas.

    “Há muito tempo sabemos que doenças como a gripe aumentam o risco de eventos cardiovasculares. Agora temos evidências fortes de que vacinas podem evitar esses problemas. Vacinar-se é uma forma direta de proteger o coração”, diz o presidente da ESC, Thomas Lüscher, no documento.

    Com a nova diretriz, a Sociedade Europeia de Cardiologia espera que médicos de todo o mundo passem a incluir a vacinação nas estratégias de prevenção cardiovascular,  algo tão importante quanto orientar o paciente a controlar a pressão, reduzir o colesterol ou praticar exercícios.

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