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    Saiba por que as mulheres sentem mais frio que os homens

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    A cena é comum: ele de camiseta ou regata e ela sempre com um casaquinho protegida do frio — mesmo quando a temperatura ainda está longe de ser baixa. E não é exagero. O Metrópoles ouviu especialistas que confirmam que as mulheres realmente sentem mais frio do que os homens, por uma combinação de fatores fisiológicos, hormonais e neurológicos.

    A endocrinologista Denise Franco, da startup médica G7med, explica que entre as principais diferenças entre os sexos está a menor massa muscular nas mulheres. “A massa magra é um tecido altamente ativo do ponto de vista metabólico, responsável por gerar calor. Como os homens costumam ter mais músculos, produzem mais calor naturalmente”, ensina a médica.

    Além disso, mulheres têm mais gordura subcutânea, que funciona como isolante térmico. Essa gordura ajuda a manter o calor no interior do corpo, mas dificulta que ele chegue até a pele — o que aumenta a sensação de frio nas extremidades, como mãos, pés e nariz.

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    Outro ponto que colabora com essa diferença de sensações é a taxa metabólica basal, ou seja, a quantidade de energia que o corpo gasta em repouso, que também é diferente. “As mulheres têm uma taxa metabólica cerca de 5 a 10% mais baixa do que os homens, o que naturalmente reduz a produção de calor corporal”, conta Denise.

    Os hormônios sexuais femininos também influenciam. O estrogênio contribui para uma maior vasoconstrição periférica (quando os vasos sanguíneos se comprimem para manter a temperatura corporal e a pressão arterial), enquanto a progesterona, que se eleva após a ovulação, aumenta a temperatura corporal em até 0,5 °C. “Isso explica por que a sensação térmica pode mudar ao longo do ciclo menstrual”, diz.

    Porque mulheres são mais sensíveis ao frio?

    • Mulheres têm menor massa muscular e mais hormônios que aumentam a sensibilidade ao frio.
    • Mulheres possuem mais gordura subcutânea, que protege a temperatura interior do corpo mas não a pele.
    • Estrogênio e progesterona afetam a regulação da temperatura corporal da mulher.
    • Cérebro feminino percebe o frio de forma mais intensa mesmo quando a temperatura é a mesma aplicada em homens.

    Outro fator relevante está no cérebro. Segundo a neurologista Priscilla Proveti, do Hospital Anchieta, de Brasília, estudos de neuroimagem mostram que, mesmo expostas aos mesmos estímulos térmicos, as mulheres ativam mais áreas cerebrais associadas à percepção do frio.

    “A sensibilidade ao frio e ao calor é modulada por regiões do cérebro como o tálamo, córtex somatossensorial e ínsula, que fazem parte do sistema de percepção sensorial. Em resposta ao mesmo estímulo térmico, as mulheres podem apresentar maior ativação em regiões associadas à dor e desconforto”, explica.

    Por fim, aspectos emocionais e culturais também modulam a percepção térmica. Ansiedade, estresse e traços de personalidade podem amplificar a sensibilidade ao frio. Padrões culturais — como o hábito de usar roupas mais leves ou viver em ambientes mais climatizados — também influenciam a tolerância ao frio.

    “Isso acontece porque o sistema límbico, responsável pelas emoções, interage com as vias sensoriais e pode modular a percepção térmica. Estados emocionais mais prevalentes em algumas fases da vida feminina, podem amplificar a sensibilidade ao frio.” esclarece a neurologista.

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