A Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal escondeu informações sobre dois projetos que custarão R$ 7 milhões aos cofres públicos. A pasta colocou sob sigilo documentos sobre as contratações no Sistema Eletrônico de Informações (SEI).
Os dois extratos de inexigibilidade de chamamento público foram publicados no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), nessa segunda-feira (21/7). Dos R$ 7 milhões, R$ 5 milhões são de recursos próprios da Secretaria de Esporte e Lazer do DF. O aporte robusto é feito em um momento em que o Governo do Distrito Federal (GDF) passa por contingenciamento de despesas, que bloqueou R$ 34,4 milhões da pasta.
O plano de trabalho, o requerimento de parceria e outros documentos referentes à 3ª Super Copa Capital de Futebol Sub-17, do Instituto Axiomas Capital, não estão disponíveis ao público. O campeonato custará R$ 4 milhões, dos quais R$ 2 milhões são oriundos emenda parlamentar da deputada distrital Jane Klebia (MDB) e os R$ 2 milhões vêm de recursos próprios da Secretaria de Esporte e Lazer.
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O outro evento é o Shooto Brasil, de artes marciais mistas, que receberá R$ 3 milhões. O valor total será custeado com recursos próprios da Secretaria de Esporte e Lazer. Nesse caso, a pasta colocou sob sigilo o requerimento apresentado pela Associação Cresce DF para realização do campeonato e o ofício com solicitação de apoio.
O que dizem
Em nota, a Secretaria de Esporte e Lazer informou que “os processos seguem com acesso restrito em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018 – LGPD), uma vez que envolvem informações sensíveis de pessoas físicas e jurídicas conveniadas, até a completa formalização e publicação dos termos”.
A pasta disse que “o acesso será ampliado conforme o avanço da tramitação e respeitando os princípios da publicidade e da transparência administrativa”.
O Instituto Axiomas Capital afirmou que a 3ª Super Copa Capital de Futebol Sub-17 32 recepcionará “32 clubes nacionais e 1.024 atletas em Brasília, em uma competição que dura 14 dias e é acompanhada por mais de 200 mil pessoas pelo YouTube e canais de esporte da tv fechada”.
“O valor investido é de R$ 3.999.859,60 que contempla hospedagem (ao custo unitário de R$ 125,00) para todos os atletas/comissões, alimentação – café da manhã, almoço e jantar – (R$ 50,00) e todos os custos operacionais da enorme competição que se tornou a Copa, como arbitragem, ambulância, etc”, declarou.
“O valor é investido conforme plano de trabalho e regras de complice, transparência (todos os planos de trabalho e planilhas de custo são publicados no site www.institutocapital.org.br), auditorias, e prestações de conta, gerando impacto esportivo e econômico para o Distrito Federal, que se torna a capital do futebol de base do Brasil no período da competição”, disse a entidade.
Posicionamentos
Por meio de nota, a deputada Jane Klebia informou que, por experiência de vida, sabe quanto o esporte pode transformar realidades e que muitos jovens têm nele a única chance real de ascensão. Ela também disse que o repasse não se tratou de um gasto, mas de investimento.
A deputada acrescentou que o mandado dela acredita que aplicar recursos na 3ª Super Copa Capital Sub-17 é “investir diretamente no futuro da juventude, no fortalecimento do esporte de base e no desenvolvimento da economia local do Distrito Federal”.
Jane afirmou, ainda, que os R$ 2 milhões devem “garantir estrutura, alimentação e hospedagem digna para mais de mil atletas de todo o Brasil em um torneio que é reconhecido como a maior competição sub-17 do país”.
“Mas essa Copa vai além do esporte. Ela movimenta o comércio, o turismo, gera empregos temporários e atrai visibilidade nacional para Brasília. A edição anterior injetou mais de R$ 5 milhões na economia do Distrito Federal. Agora, com o dobro de participantes, o impacto econômico, social e humano será ainda maior”, completou.
A reportagem entrou em contato com os outros citados, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.