A Subsecretaria de Proteção Animal (Sepan), ligada à Secretaria de Meio Ambiente (Sema), entrou na mira da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) após se recusar a receber animais resgatados de uma situação de maus-tratos. Conforme a coluna apurou, a secretária extraordinária de Proteção Animal, Edilene Dias Cerqueira, teria negado o pedido da polícia e, por isso, poderá ser indiciada por desobediência.
Os animais foram resgatados na tarde de terça-feira (1°/7), em Samambaia, durante uma operação da 26ª Delegacia de Polícia e com o apoio da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA).
De acordo com a PCDF, os cachorros estavam abandonados, com sinais de fome e sem acesso à água ou alimentação adequeada.
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Durante a investigação, a equipe policial teve acesso a vídeos que registravam os animais praticando canibalismo entre si. Nas imagens, é possível ver três cadelas atacando e devorando o corpo de uma quarta cadela já sem vida.
Segundo vizinhos contaram à polícia, os cachorros faziam isso por causa da “prolongada privação alimentar”.
Moradores próximos também relataram que os cães haviam atacado e matado o cachorro de outro vizinho e só não o comeram porque o portão impedia que eles levassem o animal morto para dentro do terreno em que estavam.
Abrigo
Uma decisão judicial teria determinado que os animais resgatados na operação fossem encaminhados a abrigo público sob responsabilidade da Secretaria Extraordinária de Proteção Animal (Sepan-DF).
No entanto, segundo a PCDF, tanto a Secretaria quanto a presidente do Instituto OMNI — entidade responsável pela administração do abrigo — teriam se recusado a receber os animais. “Diante da recusa injustificada ao cumprimento de ordem judicial, as responsáveis poderão responder pelo crime de desobediência”, confirmou a PCDF.
O profissional que ficou responsável pelo acolhimento dos animais após a ação policial relatou que, apesar da agressividade momentaneamente observada — consequência do quadro extremo de fome —, os cães apresentam temperamento dócil quando em condições normais de saúde e nutrição. Eles estão na 26ª DP e aguardam adoção.
O homem que era tutor dos cães antes da operação foi preso.
A Sepan-DF foi acionada pela reportagem e o espaço está aberto para eventuais manifestações.