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    Servidora revela rotina de treinos para ter corpo perfeito aos 67 anos

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    Servidora da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), Maria do Socorro Ferreira da Silva, de 67 anos, divide o trabalho de chefe da ouvidoria com a vida de fisiculturista.

    Sua rotina é intensa: caminhada às 4h30, expediente no trabalho, musculação às 18h, fisioterapia e ensaio de coreografia às 20h.

    A atleta também segue uma alimentação bastante regrada, com foco em alta ingestão de proteínas e redução de carboidratos, de acordo com a exigência de sua categoria no fisiculturismo.

    A ingestão de água chega a seis litros. Próximo à competição, há uma redução no consumo de sal e água para secar o corpo.

    Luta contra o luto

    A servidora da Novacap encontrou no fisiculturismo muito mais que um esporte: uma forma de superar o luto. Atualmente considerada a 4ª melhor do mundo, a guaraense iniciou a prática aos 50 anos, em meio à perda do filho, e transformou a dor em força para vencer a depressão.

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    Os treinos ajudaram Socorrinho — apelido pelo qual ela é conhecida — a superar sucessivas perdas ao longo dos anos: a morte do filho, aos 23 anos; o falecimento da mãe, do irmão e do companheiro, que morreu em 2020, em decorrência da covid.

    “O fisiculturismo entrou na minha vida como um remédio para curar dores. Tive a perda brutal do meu filho e, em seguida, lidei com outras pancadas da vida. Eu não queria tomar antidepressivo, mas encontrei nos treinos pesados uma forma de enfrentar a dor e sobreviver”, conta.

    À época em que ingressou na modalidade, em 2008, ela achava que a idade, a baixa estatura e a densidade muscular poderiam ser empecilhos para um esporte tão radical, mas a disciplina e a dedicação nos treinos mostraram que ela era mais capaz do que imaginava.

    “Comecei sem orientação, sem conhecer nada desse mundo, só para servir como paliativo para a alma”, revela. Desde então, ela coleciona títulos nacionais e internacionais em mais de 20 competições.

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    “Tinha vergonha”

    O primeiro campeonato de fisiculturismo que Socorrinho participou aconteceu em 2009, no qual conquistou o 2º lugar no pódio. A servidora pública relembra que, até então, não havia outras atletas da mesma idade que a dela nesses torneios.

    “Eu competia com mulheres de 20 anos, então era vista como a doidinha que virou fisiculturista. Confesso que tinha até vergonha de falar que era atleta, por ser a mais velha. Mas, conforme o tempo foi passando, eu fui ganhando respeito dentro do esporte”, detalha.

    Em novembro do ano passado, Socorrinho se consagrou como a quarta maior fisiculturista do mundo na categoria Open. Ela competiu na Copa do Mundo de Fisiculturismo e Fitness, que aconteceu na Espanha.

    Mais do que medalhas, o esporte proporciona para ela uma forma de reconstrução pessoal e serve como inspiração para outras mulheres que acompanham a atleta.

    “Recentemente me perguntaram quando eu vou parar, mas eu só paro quando não estiver mais viva. As pessoas acham que ter 60 anos é sinônimo de fraqueza, doença e até queda, e eu não quero isso. Hoje, o meu maior troféu é saber que muitas mulheres se inspiram em mim”, declara orgulhosa.

    Representante do DF

    No último fim de semana, a guaraense representou o Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo, realizado em São Paulo. A atleta foi classificada após ficar em terceiro lugar no Campeonato Brasiliense, disputado no mês passado.

    No torneio nacional, ela competiu em quatro categorias: Women’s Physique Sênior, Women’s Physique até 1,63m, Women’s Physique Master e Mix Pairs (em dupla). Dessas, ela conquistou três medalhas e ficou na 5ª posição.

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    O desempenho garantiu a classificação para disputar pelo segundo ano consecutivo o mundial. A competição internacional será realizada em novembro deste ano, na China.

    “Para mim, o fisiculturismo é um remédio de uso contínuo. A vida de atleta está acima de qualquer coisa. Esse esporte me salvou. As possibilidades que eu tinha para viver, eram as mesmas que eu tinha para não querer viver, mas a modalidade me tirou do fundo do poço”, declara.

    A atleta comenta que, na idade dela, precisa fazer reposição hormonal com acompanhamento médico. “Não é mentira nem tabu: é saúde. Afinal, não adianta melhorar um aspecto do corpo e adoecer outro. Eu mesma não tomo remédio para nada, nem para pressão. Gosto de brincar que o que tenho é só safadeza mesmo”, comenta bem-humorada.