Desde a posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 20 de janeiro de 2025, a rentabilidade das bolsas americanas só foi melhor do que a da Argentina – a última colocada em uma lista de 21 índices globais. A constatação foi feita por um estudo preparado pela consultoria Elos Ayta.
No ranking (veja abaixo), o argentino S&P Merval apresentou rentabilidade negativa de 32,77% nesse período, considerado o desempenho do indicador em dólares. Os outros três piores índices foram os americanos Dow Jones (com rentabilidade de 2,29%, em 20º lugar), S&P 500 (com 5,01%, no 19º posto) e Nasdaq (6,39%, na 18ª posição).
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No topo da tabela, com maior rentabilidade, portanto, ficaram o Msci Colcap, da Colômbia, com 34,93%, seguido pelo Ibex, da Espanha, com 32,16%, e pelo PSI, de Portugal, com 31,83%.
O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), ficou pouco acima do meio da lista, na décima posição, com 19,77%. Ele ocupou um espaço próximo ao de bolsas de outros países emergentes, como o México (IPyC, com avanço de 23,66% em 8º) e o Chile (Ipsa, com 21,72%, em 9º lugar).
Para entender o fenômeno
Na avaliação de Einar Rivero, sócio da Elos Ayta, o levantamento, que comparou o desempenho de 21 índices de bolsas ao redor do mundo, surpreende. Para ele, dois fatores ajudam a entender o fenômeno.
O primeiro foi a desvalorização do dólar americano no período, reflexo das expectativas do mercado em relação às políticas econômicas do governo Trump e ao comportamento dos juros nos EUA.
“Esse movimento favoreceu as bolsas de outros países quando os retornos são convertidos para a moeda americana”, diz o especialista. “O exemplo mais didático é o Ibovespa: enquanto em reais o índice subiu 10,35% nos primeiros seis meses do novo governo americano, em dólares a valorização foi de 19,77%, um efeito direto da queda de 7,87% do dólar Ptax (medido pelo Banco Central) frente ao real.”
Investidores cautelosos
O segundo fator foi a “reação contida dos mercados americanos diante das decisões e sinalizações do governo Trump”. “Embora setores específicos possam ter se beneficiado de políticas pontuais, o conjunto dos investidores demonstrou certa cautela, mantendo os ganhos em patamares bem mais modestos do que no restante do mundo”, afirma Rivero.
Para o especialista, em resumo, os primeiros seis meses de 2025 mostram um cenário em que, “apesar da centralidade das bolsas dos EUA no sistema financeiro global, foram outros mercados, em especial da Colômbia, Europa e China, que roubaram a cena”. Rivero observa: “Resta acompanhar os próximos capítulos para ver se esse movimento se consolida ou se os investidores voltam a eleger Wall Street como protagonista”.
Ranking da rentabilidade de 21 bolsas globais (em dólares)
- Msci Colcap – Colômbia – 34,93%
- Ibex – Espanha – 32,16%
- PSI – Portugal – 31,83%
- DAX – Alemanha – 30,96%
- Ftse 50 – China – 27,75%
- FTSMIB – Itália – 25,23%
- Hang Seng – China – 24,39%
- IPyC – México – 23,66%
- Ipsa – Chile – 21,72%
- Ibovespa – Brasil – 19,77%
- Bel 20 – Bélgica – 19,61%
- Euro Stoxx 50 – Europa (zona do euro) – 19,02%
- Sp/Bvl General – Peru – 16,98%
- FTSE 100 – Inglaterra – 14,93%
- CAC 40 – França – 14,08%
- AEX – Holanda – 12,42%
- Nikkey 225 – Japão – 7,47%
- Nasdaq – EUA – 6,39%
- S&P 500 – EUA – 5,01%
- Dow Jones – EUA – 2,29%
- S&P Merval – Argentina – 32,77%
Fonte: Ethos Ayla