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    Tarcísio mira evangélicos e cola em pastor ligado a Eduardo Cunha

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    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a prestigiar a Assembleia de Deus do Brás na semana passada ao participar de um evento destinado a mulheres da igreja. Essa foi a terceira vez no ano que os fiéis do templo receberam o governador, que tem se aproximado do pastor Samuel Ferreira e aumentado seus acenos ao público evangélico.

    A visita aconteceu durante o encontro da Confederação de Irmãs Beneficentes Evangélicas Mundial, realizado entre os dias 22 e 25 de julho, e não foi divulgada na agenda oficial. Durante o evento, Tarcísio anunciou a sanção de uma lei que denomina o Hospital do Mandaqui com o nome da esposa de Samuel, Keila Fernandes. A bispa morreu no início deste ano e foi velada com a presença de dezenas de políticos.

    4 imagensEvento aconteceu durante os dias 22 e 25 de julho no Brás, onde fica a Assembleia de Deus Tarcísio de Freitas sanciona lei que homenageia bispa Keila Fernandes Governador discursou durante encontro do CORAFESP 2025Fechar modal.1 de 4

    Presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado (PL), pastor Manoel Ferreira, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a primeira-dama, Cristiane Freitas

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    Evento aconteceu durante os dias 22 e 25 de julho no Brás, onde fica a Assembleia de Deus

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    Tarcísio de Freitas sanciona lei que homenageia bispa Keila Fernandes

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    Governador discursou durante encontro do CORAFESP 2025

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    Samuel é conhecido por ser próximo ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PL), que foi presidente da Câmara dos Deputados durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e foi cassado em 2016. Tarcísio já havia comparecido ao aniversário do pastor no mês passado, quando subiu no púlpito e fez um discurso com diversas referências bíblicas.

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    A aproximação com a Assembleia de Deus do Brás (AD Brás) tem sido intermediada pelo deputado estadual Oséias de Madureira (PSD) e acontece em meio às sinalizações aos cristãs nas falas de Tarcísio. Nesta segunda-feira (28/7), o governador publicou em suas redes sociais um vídeo agradecendo a sua mãe por ter lhe ensinado a “dobrar o joelho” e “entender a palavra de Deus e o sentido da graça divina”.

    Tarcísio é cotado como pré-candidato à Presidência da República em 2026, e aparece em pesquisas de intenção de voto tecnicamente empatado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno. O governador tem dito, contudo, que disputará a reeleição em São Paulo, onde é amplo favorito.

    Visitas de Tarcísio a Assembleia de Deus do Brás

    • O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fez três visitas à Assembleia de Deus do Brás, no centro de São Paulo, desde o início deste ano.
    • A primeira visita aconteceu em fevereiro, em razão do velório de Keila Fernandes. Além do governador, outros políticos também estiveram presentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), o secretário estadual de Governo e presidente do PSD, Gilberto Kassab, e Eduardo Cunha.
    • Tarcísio voltou ao local para o aniversário de Samuel, no dia 9 de junho, quando participou do culto e discursou com uma série de metáforas bíblicas.
    • O governador foi mais uma vez à igreja para o encontro da Confederação das Irmãs Beneficentes Evangélicas Mundial, organização que era comandada pela bispa Keila Ferreira antes da sua morte.
    • Além da visita, o governador também sancionou uma lei que denomina o Conjunto Hospitalar do Mandaqui com o nome da Bispa Keila Campos Costa Ferreira. O hospital fica a cerca de 10 km da igreja onde a líder religiosa atuava.

    Pastor já conduziu agenda Bolsonaro

    Além da relação com Cunha, Samuel é tido como uma das lideranças centrais no meio evangélico e tem pautado a atuação da Assembleia de Deus do Brás na política nacional. Ele é filho do bispo e ex-deputado federal Manoel Ferreira, que também construiu uma trajetória de proximidade com a política e já abençoou Michel Temer (MDB) quando ele era presidente.

    Em 2022, Samuel conduziu uma agenda de campanha de Jair Bolsonaro na sua igreja, onde o então candidato à reeleição foi apresentado aos fiéis. O evento ficou marcado pela hostilidade aos veículos de imprensa.

    A proximidade com o bolsonarismo, contudo, é recente na família Ferreira. No auge da crise que desencadeou o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Samuel chegou a ser cogitado pelo PT como um nome para intermediar o diálogo com Eduardo Cunha. Na época, seu pai Manoel, assim como outras lideranças do meio evangélico, havia declarado apoio à reeleição da petista em 2014.