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Tarifa dos EUA: entenda como Trump enfraquece o Brics e isola o Brasil

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Tarifa dos EUA: entenda como Trump enfraquece o Brics e isola o Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou como política econômica internacional a taxação comercial a países em seu segundo mandato. Desde que oficializou para 1° de agosto o início das tarifas recíprocas, fechou acordo com seis países. No entanto, tem evitado negociações com blocos multilaterais, como o Brics.

A estratégia tem enfraquecido a atuação coletiva do grupo e pode acabar isolando o Brasil, que segue sob risco de uma tarifa de 50% e sem avanços nas negociações.

A Casa Branca disse, até essa sexta-feira (25/7), ter firmado tratados com Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão. Além disso, ficou estabelecido um acordo preliminar com a China.

Acordos firmados até agora:

Segundo Maurício F. Bento, professor de economia internacional na Hayek Global College, Trump “despreza o multilateralismo, focando em negociações bilaterais”. No caso do Brics, que enxerga o grupo como uma ameaça à hegemonia dos EUA e do dólar.

O professor avalia que, se outros membros do Brics estão negociarem individualmente com os EUA, “o Brasil perde aliados na defesa de uma postura coletiva contra as tarifas americanas”.

“Não é prudente ficar por último na fila de negociações, pois há o risco dos norte-americanos endurecerem ainda mais com o Brasil para amedrontar outros países, pressionando-os a adotar posições mais favoráveis aos EUA”, disse, em entrevista ao Metrópoles.

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Foto oficial das autoridades no Brics

Ricardo Stuckert / PR2 de 13

Lucas Landau/BRICS Brasil3 de 13

Lula discursa durante a cúpula do Brics, no Rio de Janeiro

Rafa Neddermeyer/BRICS Brasil/PR4 de 13

Lula recebeu o presidente da Nigéria, Bola Tinubu, à margem do Brics

Ricardo Stuckert / PR5 de 13

Reunião com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh

Ricardo Stuckert / PR6 de 13

Presidente também conversou com premiê da China, Li Qiang

Ricardo Stuckert / PR7 de 13

Lula e o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali

Ricardo Stuckert / PR8 de 13

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo

Ministério da Fazenda9 de 13

Presidente Lula em reunião do Novo Banco de Desenvolvimento

Ricardo Stuckert10 de 13

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva

Ricardo Stuckert/PR11 de 13

Trump se diz “decepcionado” com Putin

Kevin Dietsch/Getty Images12 de 13

Lula e o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto

Ricardo Stuckert / PR13 de 13

Tarifaço: Trump anuncia acordo comercial com a Filipinas

Chip Somodevilla / Getty Images

Para F. Bento, o momento atual pode colocar o Brasil sob pressão para negociar, “mas Trump dificilmente reduzirá tarifas sem contrapartidas significativas”.

“Os interesses americanos no Brasil não envolvem apenas questões estritamente comerciais e tarifárias, pois eles mesmos apontaram outros fatores como relevantes, como os meios de pagamento do Brasil (Pix) e o tratamento que o país tem dado às grandes empresas de tecnologia, ambos considerados contrários aos interesses norte-americanos”, avaliou.

Política comercial de Trump

Segundo Maurício F. Bento, os acordos de Trump com os países são uma vitória para a sua política comercial, pois conseguiu impor tarifas menores (entre 10% e 30%) em “troca de concessões comerciais significativas de cada um deles”.

Ao Metrópoles, o professor avaliou que no curto-prazo, Trump fez a maré virar a favor dos EUA, protegendo os interesses comerciais das empresas americanas e, possivelmente, trazendo mais investimentos para o país via realocação das estruturas produtivas. “No entanto, no médio e longo prazos isso prejudica a confiança nos EUA, uma vez que sinaliza para uma imprevisibilidade nas regras e acordos com o país, que pode endurecer e dar um cavalo de pau na política comercial com uma troca de governo”, diz.

“Os EUA parecem estar minando o livre comércio mundial, algo que ajudaram a estabelecer desde o século passado”, afirmou o professor.

Trump, em uma série de postagens nas redes sociais, compartilhou no início de julho as cartas enviadas aos líderes dos país atingidos pelas novas taxas. São eles: Indonésia, Filipinas, União Europeia, Brunei, Japão, Malásia, Coreia do Sul, Cazaquistão, Tunísia, Moldávia, Líbia, Argélia, África do Sul, México, Iraque, Sri Lanka, Bósnia e Herzegovina, Canadá, Sérvia, Bangladesh, Tailândia, Camboja, Mianmar, Laos e Brasil.

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