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    Tarifaço: com chanceler e senadores nos EUA, Brasil tem dias decisivos

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    O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chegou aos Estados Unidos, nesse domingo (27/7), onde cumprirá agenda oficial na Organização das Nações Unidas (ONU), prevista para segunda (28/7) e terça-feira (29/7), sobre o conflito entre Palestina e Israel.

    Mas os compromissos extraoficiais serão bem mais relevantes para o Brasil: o chanceler tentará reuniões com autoridades norte-americanas em Washington para tratar do aumento tarifário imposto pelo presidente Donald Trump, previsto para entrar em vigor na sexta-feira (1º/8).

    A ida de Mauro Vieira aos Estados Unidos marca busca por diálogo na semana em que a tarifa imposta pelo governo norte-americano de 50% sobre os produtos brasileiros entra em vigor.

    Como carta na manga, Vieira tem o bom trânsito em Washington, onde atuou como embaixador do Brasil. Ele chegou a reunir-se em várias ocasiões com Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, em agendas bilaterais.

    Rubio é o auxiliar de Trump que mandou suspender os vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, de seus aliados na Corte e de familiares próximos de todos eles, como uma das retaliações ao governo brasileiro pela “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Taxação de 50%

    • O Brasil foi incluído na lista dos países que pagarão a tarifa máxima, prevista para entrar em vigor a partir de 1º de agosto.
    • O governo norte-americano justificou a medida citando a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e determinou ainda a abertura de uma investigação sobre possíveis restrições a empresas de tecnologia dos EUA e outras práticas consideradas injustas no comércio bilateral.
    • As medidas são parte de uma estratégia mais ampla do governo para pressionar parceiros comerciais a abrir seus mercados e ajustar políticas consideradas desfavoráveis aos interesses dos EUA.

    Sem prorrogação

    Nesse domingo, o presidente Donald Trump afirmou que as tarifas que o país pretende aplicar e que atingem o Brasil e outros países devem começar a valer a partir do dia 1º de agosto.

    O secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, já havia antecipado que não haveria adiamento. “Não haverá prorrogação nem mais períodos de carência. Em 1º de agosto as tarifas serão fixadas. Entrarão em vigor. As alfândegas começarão a arrecadar o dinheiro”, falou em entrevista para a Fox News.

    Caso os Estados Unidos não se manifestem sobre as tarifas, Mauro Vieira retornará ao Brasil já na quarta-feira (30/7).

    Comitiva de parlamentares

    Além do ministro, uma comitiva de oito parlamentares brasileiros também está nos Estados Unidos em missão oficial do Senado, com o objetivo de negociar o aumento tarifário junto a congressistas e representantes do setor norte-americano. Até o momento, o grupo permanece em Washington, D.C.

    Os parlamentares realizaram reuniões preparatórias e compartilharam publicações no Instagram antes do início dos compromissos nos Estados Unidos.

    As taxas que Trump decidiu impor ao Brasil são de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Em abril, o Brasil já havia tido seus produtos taxados em 10% pelo governo norte-americano.

    Desde o anúncio das tarifas, o governo brasileiro tem tentado negociações com a Casa Branca, no entanto, segundo afirma o governo, a comunicação está centralizada no presidente americano, o que dificulta o diálogo entre os países.

    O vice presidente, Geraldo Alckmin, tem se reunido com setores produtivos para entender os pleitos de cada indústria e estruturar formas de reverter o tarifaço. Uma das possíveis alternativas do Brasil era o adiamento do inicio das tarifas.