Pelo cenário que se apresenta, em termos de popularidade e campanha, o governo Lula recebeu em seu colo duas bandeiras que arrastaram o apoio popular – e sem precisar de criar uma nova identidade.
A primeira ainda repercute e está na cabeça de todos, através do apelo natural que ganhou no mundo digital: a partir da derrubada do IOF na Câmara e no Senado, grandes peças produzidas por inteligência artificial criticando o presidente da “casa do povo”, Hugo Motta, viralizaram. E a polarização do Ricos x Pobres ganhou força com a máxima “congresso inimigo do povo”. O governo até tentou amenizar a polarização, mas não podia deixar a oportunidade de o debate ganhar força, passar: afinal, “porque quem pode mais, não deve ser taxado? É justiça social”
A segunda e mais fresca ainda, foi um presente de, quem diria, Donald Trump. Um mimo para o governo Lula, um ataque à soberania e ao povo brasileiro, e um tiro no pé de Bolsonaro, seu aliado político. O anuncio da tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil, prevista para entrar em vigor a partir do dia 1º de agosto, fez grande parte do país se unir no sentimento de indignação e teve a culpa direcionada para o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu filho Eduardo (que está nos EUA tentando sanções contra o Brasil), e a extrema-direita brasileira. O próprio Trump, em sua carta ousada e ofensiva, citou Bolsonaro.
O que temos aí é uma grande campanha, que já caiu no imaginário do brasileiro, com duas pautas fortes unidas e ligadas às raízes políticas de Lula: a luta para taxar os chamados “super ricos” e agora a luta contra o “imperador que quer taxar todo o Brasil”.
A comunicação de Lula não comeu mosca, foi ágil em aproveitar. Sigamos agora para ver o desenrolar e se vai cair mais alguma bandeira no colo do presidente.
Em entrevista ao programa do Noblat, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, comentou sobre todos os temas que embalaram os últimos acontecimentos políticos. E fez questão de afirmar para a oposição: “o governo não acabou.”