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    Urbia é autorizada a cobrar taxa de assessoria esportiva no Ibirapuera

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    A concessionária Urbia, que administra o Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, obteve uma liminar na Justiça que obriga uma assessoria esportiva a assinar contrato e pagar uma taxa pelo uso comercial do parque.

    A liminar concedida pela juíza Lais Helena Bresser Lang acolheu o argumento da concessionária de que, ao assumir a gestão do parque, ela passou a ter o direito de fazer cobranças a empresas que usam o espaço para fins comerciais.

    Segundo a decisão, não configura ilegalidade cobrar a taxa de R$ 10 mensais por aluno. Um prazo de cinco dias úteis foi dado à The Run Negócios No Esporte Ltda para que o contrato de adesão com a concessionária seja assinado.

    12 imagensPessoas correm pelo Parque do Ibirapuera, em São PauloImagem mostra carrinho de água de coco no Parque Ibirapuera, em São PauloEntrada do Parque Ibirapuera, em São PauloCasa Ultravioleta, do Nubank, no Parque Ibirapuera, em São PauloBanheiro do Parque Ibirapuera, em São PauloFechar modal.1 de 12

    Carrinho do Parque Ibirapuera, ponto onde os preços são mais baixos que no geral

    William Cardoso/Metrópoles2 de 12

    Pessoas correm pelo Parque do Ibirapuera, em São Paulo

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    Imagem mostra carrinho de água de coco no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Entrada do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Casa Ultravioleta, do Nubank, no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Banheiro do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Banheiro do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Lago do Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Imagem mostra local onde banho custa R$ 30 no Parque Ibirapuera, em São Paulo

    William Cardoso/Metrópoles

    Por meio de nota, a Urbia ressaltou que “a atuação de assessorias esportivas é historicamente presente no Parque Ibirapuera e está expressamente prevista como atividade econômica no Plano Diretor do Parque”, tendo que se adequar ao modelo de concessão vigente. Conciliando o uso comercial com o acesso gratuito e livre dos demais usuários, garantindo o bom funcionamento dos serviços prestados por terceiros, a concessionária implantou regras para essa atuação.

    “A cobrança de até R$ 10 por aluno, feita diretamente às empresas como contrapartida pelo uso comercial do espaço público, é um direito previsto contratualmente e contribui para a zeladoria do parque, o monitoramento da atividade e a preservação do patrimônio. Diversas assessorias de diferentes modalidades já aderiram voluntariamente ao programa, reconhecendo a legitimidade e a transparência do modelo”, disse a nota.

    A decisão, datada de 17 de junho, vale apenas para a The Run. Ainda cabe recurso.

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    Já existe, há um ano, uma briga entre a Urbia e as assessorias esportivas, quando a concessionária passou a cobrar as empresas que utilizam o local como base de treino.

    Urbia lançou assessoria esportiva própria

    Em meio aos desentendimentos, a Urbia lançou o programa Corre no Ibira, que oferece atendimento de qualidade, com profissionais experientes, incluindo nomes com atuação olímpica, e é voltado a pessoas a partir de 18 anos de idade e a todos os níveis de condicionamento físico.

    Com valores mensais que variam entre R$ 170,90 e R$ 279,90, a depender do plano selecionado, a iniciativa oferece água durante os treinos, acesso gratuito aos vestiários com chuveiros aquecidos, lockers e desconto de 30% no estacionamento do Parque Ibirapuera.

    Briga entre concessionária e assessorias

    As assessorias que foram cobradas pela Urbia apontaram, em março do ano passado, que a taxa é ilegal. Na ocasião, o caso foi parar no Ministério Público de São Paulo (MPSP) e um inquérito a respeito foi conduzido. Diretor da Urbia, Samuel Lloyd afirma que a cobrança se dá em relação a empresas privadas que têm o Ibirapuera como centro de treinamento constante, que apontam em sites e redes sociais serviços e produtos atrelados, intrinsecamente, ao parque. Segundo ele, foram mapeadas 60 empresas que atuariam no local, em diversas modalidades, e que cobrariam, em média, mensalidades de R$ 200 por aluno.

    O diretor da Urbia citou, em entrevista ao Metrópoles, um treino funcional realizado recentemente no Ibirapuera em que, segundo ele, cada pessoa pagou aos organizadores R$ 50 para participar, sem que a concessionária fosse informada a respeito. Houve uso de microfone, caixa de som e a ocupação de um grande espaço.

    “O contrato de concessão nos garante que absolutamente todas as atividades comerciais deste território, mas não só, incluam também símbolos, imagem, marca do Parque Ibirapuera, são exclusividade dessa concessionária. Exatamente para a gente conseguir bancar todo esse investimento que está sendo feito. E eu acho que isso é o mais difícil das pessoas entenderem”, afirmou Lloyd.

    A nota da Urbia também diz que “apesar da campanha difamatória conduzida pelo promotor do MPSP, Silvio Marques, que tem antecipado à imprensa opiniões pessoais e juízos de valor sobre as atividades do parque, gerando desinformação e prejuízos concretos à imagem da concessionária, a Justiça tem reiteradamente reconhecido que a Urbia atua dentro da legalidade e dos termos do contrato de concessão”.

    Ibirapuera tem “preços de aeroporto” pós-concessão

    Tigela de açaí por R$ 43; tapioca com manteiga por R$ 28; espaguete individual, R$ 105; um expresso, R$ 12; água mineral, de R$ 5 a R$ 10; e o litro da água de coco, R$ 27. Estes são alguns dos “preços de aeroporto” em cardápios espalhados pelo Parque Ibirapuera pós-concessão, que tem chamado a atenção e gerado críticas por parte de frequentadores.

    O Ibirapuera de hoje, pouco depois de completar 70 anos, mudou. São várias as marcas e logotipos que se misturam com o extenso verde do local, elevando o padrão de consumo do parque a um patamar similar ao de bairros ricos da vizinhança, onde estão alguns dos metros quadrados mais caros da capital paulista.

    O local, que ainda é um parque público, recebe moradores de diversas regiões da cidade, com perfis socioeconômicos variados, principalmente nos fins de semana, quando a movimentação nos pontos de ônibus é enorme.

    Veja:

    Em 2019, após negociações iniciadas por João Doria e concluídas por Bruno Covas (ambos do PSDB), o Ibirapuera foi entregue por concessão à Urbia, um braço da construtora Construcap. Era a cereja do bolo em um lote de seis parques administrados pela prefeitura que foram cedidos à empresa. A concessionária tinha, entre outros, a obrigação de investir R$ 105 milhões no total — e afirma que só no Ibirapuera já foram R$ 226 milhões. A concessão vale por 35 anos, com outorga fixa de R$ 70,5 milhões.

    Desde então, o parque teve melhorias. Os banheiros viraram uma espécie de “cartão de visitas” e são prova de que o local realmente evoluiu em comparação com o passado. Apesar disso, os preços dos produtos vendidos lá dentro chamam a atenção e até assustam.

    Uma família formada por dois adultos e três crianças que resolva tomar uma água de coco e chupar um picolé cada pode, facilmente, gastar R$ 115 por lá. Se pararem em uma das lanchonetes do local e cada um quiser comer apenas um misto quente (pão, presunto e queijo prato), corre-se o risco de desembolsar mais R$ 160 no total.

    De acordo com a Urbia, ainda que haja uma “inquietação” sobre os valores praticados, o preço praticado é necessário para a manutenção do local. A concessionária disse, em entrevista ao Metrópoles, que o quesito alimentação era, no passado, o que constava com a nota mais baixa na avaliação feita pelos frequentadores, daí a necessidade de buscar melhorias.

    12 imagensCarrinho do Parque Ibirapuera, ponto onde os preços são mais baixos que no geralEntrada do Parque Ibirapuera, em São PauloCasa Ultravioleta, do Nubank, no Parque Ibirapuera, em São PauloBanheiro do Parque Ibirapuera, em São PauloBanheiro do Parque Ibirapuera, em São PauloFechar modal.1 de 12

    Imagem mostra carrinho de água de coco no Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Carrinho do Parque Ibirapuera, ponto onde os preços são mais baixos que no geral

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Local onde funciona um dos dois grandes restaurantes dos Parque Ibirapuera, em São Paulo

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    Imagem mostra local onde banho custa R$ 30 no Parque Ibirapuera, em São Paulo

    William Cardoso/Metrópoles

    Entre elas, dois restaurantes foram reformados a partir de estruturas já existentes dentro do parque. Um terceiro deverá ser lançado em breve, na altura do portão 7. Os preços são, também, fator que gera comentários entre os frequentadores. Há quem ache justo pagar; outros, porém, se indignam.

    O empresário Elaldo Barbosa Miguel, 47 anos, afirma que os valores cobrados no parque são “exorbitantes” e prejudicam principalmente pessoas de baixa renda. “Está irreal, até porque são públicos de faixas sociais diferentes. Para quem tem poder aquisitivo, tranquilo. Mas percebo que vem muitas pessoas do extremo sul que não conseguem acompanhar esses preços, que são muito altos”, diz. “Acabei de comprar duas águas de coco e deu R$ 26”, afirma.

    Veja:

    Montar um desses restaurantes no Ibirapuera pode exigir investimento de até R$ 6 milhões — a Urbia entrega só a “casca” e todo o restante vem do interessado. A concessionária abocanha de 15% a 20% do faturamento.

    Preço dos carrinhos fixos

    Ter um carrinho no parque, aqueles verdes com madeira, não é de graça. Cada proprietário paga mensalmente R$ 1 mil ou 10% do faturamento, ganho que é controlado por maquininhas fornecidas pela própria Urbia. Além disso, o vendedor tem que pagar taxa mensal de R$ 500 pela manutenção do carrinho, que carrega propaganda da Ambev.

    O litro da água de coco por R$ 27 vira um capítulo à parte, como mostra o Metrópoles na reportagem De R$ 0,60 na Bahia a R$ 13 no Ibirapuera: veja a trajetória do coco, em um exemplo de como o modelo de negócios que se estabeleceu após a concessão pesou no bolso dos frequentadores. A água de coco é o carro-chefe do local, o segundo lugar que mais consome o produto na capital paulista (perde para bairros da região central).

    A Urbia diz que a solução transformou a realidade dos ambulantes, que viviam na informalidade e agora se tornaram MEIs — medida que estava prevista no contrato de concessão. Também cita que eles têm acesso a produtos da Ambev, que detém a exclusividade no parque, por custo mais baixo do que se comprassem de outros fornecedores, o que faz com que a margem de lucro seja ainda maior (a lata de um refrigerante por R$ 1,89 passa a ser vendida por R$ 7, por exemplo).

    Plano Diretor pode promover ajustes

    O Plano Diretor do Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, passa por revisão em 2025 e integrantes da sociedade civil, frequentadores, a concessionária Urbia e a Prefeitura da capital devem definir os rumos daquele que é um dos principais cartões postais da cidade e que, em dezembro, chegou a receber mais de 2,3 milhões de visitantes – número equivalente à população de Belo Horizonte (MG), como comparação.

    Cinco anos após a Urbia assumir o parque de fato, a maneira como a concessão é conduzida tem sido alvo de críticas por parte de frequentadores e vendedores autônomos, além de ter entrado na mira do Ministério Público de São Paulo (MPSP). Preços elevados e a caracterização de um “shopping a céu aberto”, como é citado pela Promotoria, colocam a administração do espaço na berlinda.

    A concessão do Ibirapuera não deu à Urbia apenas a gestão sobre gramados, banheiros e pontos de venda. Uma série de equipamentos públicos e serviços ficaram sob administração da empresa, que afirma ter investido R$ 226 milhões até 2024, embora o contrato com a Prefeitura tivesse a previsão inicial de R$ 105 milhões. A Urbia também se respalda em pesquisa de satisfação que aponta melhoria na avaliação dos usuários.

    A concessionária pertence à construtora Construcap, que acabou ficando também com a reforma da marquise, fechada há seis anos, uma obra de mais de R$ 70 milhões e que está fora do contrato de concessão.

    Em nota, a prefeitura disse, por meio da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que “a SVMA informa que a revisão do Plano Diretor do Parque Ibirapuera está sendo realizada de forma transparente e participativa. O processo inclui estudos técnicos, consultas públicas e diálogo com a sociedade civil, garantindo que as diretrizes atendam às necessidades da população e à preservação ambiental do parque”, disse.

    Serviços

    Um dos exemplos de serviço oferecido pela Urbia é o aluguel de bicicletas, por meio do Ibirabike. Somente no último trimestre de 2024, segundo relatório de atividades apresentado à Prefeitura, foram realizadas 107.719 locações.

    Se for considerada a tarifa básica em uma das modalidades de locação como referência (1 hora pelo uso de uma bike aro 26), a concessionária teve um faturamento de cerca de R$ 2 milhões durante três meses apenas com o aluguel de bicicletas. Quem passa pelo parque aos domingos e vê as filas gigantescas que se formam nos pontos de locação sabe que é uma conta conservadora.

    O dinheiro com o aluguel de bicicletas não se traduz, até o momento, em benefícios específicos para ciclistas. Por exemplo, o parque não dispõe de bicicletário, uma antiga reivindicação de pessoas que usam suas próprias bikes para acessá-lo. Nos paraciclos (o “U” invertido), a concessionária faz questão de colocar placas dizendo que não se responsabiliza por eventuais furtos. Na ciclovia, apesar da pintura em relativo bom estado, o pavimento está rachado em diversos pontos.

    Em entrevista ao Metrópoles em março, o diretor da Urbia Samuel Lloyd disse que bicicletário ainda não foi implementado por falta de espaço. “Para a gente construir um bicicletário do porte, do tamanho que precisa, para o volume de bicicletas que a gente tem, a gente não teria espaço público”, diz. “Então, a gente precisaria de um bicicletário que ocuparia muitas vagas do próprio estacionamento ou a gente precisaria de um bicicletário que tenha uma tecnologia que ocupe pouco espaço”, disse, citando também que há projetos em andamento.

    Se o bicicletário sair do papel algum dia, tudo indica que será cobrado, a exemplo dos estacionamentos para carros, que custava o preço da zona azul e agora tem tarifas que começam com R$ 20 por três horas, em dias de semana, e chegam a R$ 35 no portão 7, com manobristas, em sábados, domingos e feriados.

    Espaços exclusivos e estacionamento

    No portão 7 também fica um dos principais imbróglios envolvendo o Ibirapuera nos últimos meses, com a instalação da Casa Ultravioleta, do Nubank. Primeiro, era exclusiva para clientes de alta renda do banco. Depois, com a ameaça de ser fechada por impedir o acesso de outras pessoas, passou a cobrar tarifa R$ 150 por duas horas, com direito a banho, além de “amenities” (sabonetes e outros cosméticos), café e Wi-Fi. A própria Urbia oferece um outro espaço para banho: R$ 30 por 10 minutos, sem toalha ou “amenities”.

    O Planetário também fez parte da concessão e está nas mãos da Urbia. Em dezembro, por exemplo, recebeu 9.513 em 66 sessões, com uma ocupação média de apenas 49,7%. Foram apenas quatro sessões gratuitas, que beneficiaram 880 pessoas (menos de 10% do total). A reportagem perguntou se há tarifa social, por exemplo, para interessados em participar dos cursos oferecidos no local, que custaram R$ 250 cada, no quarto trimestre. Não houve resposta.

    Assessorias esportivas

    Um dos pontos que estão em jogo é a relação da concessionária com as assessorias esportivas, que acionaram o MPSP para que investigue a cobrança de taxa pelo uso do parque.

    Em depoimentos em um dos inquéritos, representantes da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo (ATC-SP) afirmaram que as assessorias têm sido abordadas pela Urbia para pagarem taxas pela utilização do parque. Os problemas, entretanto, iriam além.

    Os integrantes da ATC-SP disseram que assessorias esportivas foram avisadas de que poderiam ter bens confiscados, caso tenham produtos ou algum tipo de publicidade de concorrentes dos fornecedores e patrocinadores do parque.

    Por exemplo, se em meio aos treinos, oferecessem sem custo adicional isotônico aos alunos de marca concorrente ao da Ambev, parceira da concessionária, poderiam ter o produto apreendido. Ou ainda se usarem camisetas com patrocínios de concorrentes de empresas parceiras da Urbia. A reportagem questionou a concessionária a respeito dessa informação, especificamente, mas não houve resposta.

    Uma das pessoas ouvidas pelo MPSP afirmou que tinha um encontro marcado em 20 de novembro de 2024, com 30 amigos, no Ibirapuera. Não havia cobrança, seria algo gratuito. Tanto ele quanto uma clínica de fisioterapia que fica perto do parque receberam notificação extrajudicial para que cancelassem ou mudassem o encontro de local. A Urbia também não se manifestou sobre o caso citado.

    Embora não tenha respondido a questionamentos específicos citados na ocasião, a Urbia afirmou que “mantém seu compromisso e ressaltou que, desde 2020, tem a honra de cuidar não apenas do Parque Ibirapuera, mas também de outros cinco parques, assumindo integralmente os custos de limpeza, manutenção, manejo das áreas verdes e segurança patrimonial desses espaços”.

    “Esse trabalho, apenas em 2024, resultou em uma economia de mais de R$ 80 milhões aos cofres públicos. Em cinco anos de concessão, a Urbia investiu mais de R$ 250 milhões na preservação do patrimônio histórico, melhoria da infraestrutura, manejo das áreas verdes e ampliação da acessibilidade. Esses avanços proporcionaram um ambiente mais seguro, acolhedor e vibrante, reconhecido diariamente por milhares de visitantes que vivenciam essas transformações”, disse.

    A concessionária também disse que, “nos últimos dias, vem ocorrendo a divulgação de informações inverídicas, que não condizem com o trabalho realizado pela concessionária”. “Lamentamos profundamente o conteúdo de algumas manifestações disseminadas por meio da imprensa e redes sociais, que além de promoverem a desinformação, desconsideram os avanços e os impactos positivos da gestão”, afirmou.

    A empresa contestou a afirmação de que o parque se tornou um “shopping a céu aberto” e disse que, apesar de permitido no contrato, “não há, hoje, lojas no Parque Ibirapuera, apenas pontos de venda de alimentos, bebidas e souvenires, e o número de pontos comerciais foi reduzido, passando de 172 (pré-concessão) para menos de 150 atualmente”.

    Sobre a exposição de marcas, disse que isso sempre foi objeto de consultas à Comissão Permanente de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU) e é aprovada por mais de 80% dos usuários, segundo pesquisa da Prefeitura de São Paulo.

    “É inverídica a informação da existência de espaços públicos convertidos em espaços restritos para pessoas e empresas. Ao contrário, os espaços estão sendo recuperados e requalificados de forma a ampliar o acesso dos usuários”, afirmou.

    A Urbia também disse que “todas as atividades são realizadas conforme previsto no Contrato de Concessão, Plano Diretor e aprovadas, quando aplicável, pelos órgãos de patrimônio histórico, e não há qualquer irregularidade na administração do espaço”. “Reiteramos que a Urbia segue as condições estabelecidas pelo Poder Concedente”, afirmou.

    A concessionária também aponta números das pesquisas de satisfação, que mostrariam uma aprovação das pessoas questionadas ao trabalho desenvolvido nos últimos anos.