A imposição do uso de uma tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), anunciada nesta sexta-feira (18/7) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, repercutiu na imprensa internacional. Jornais de vários países comentaram a medida, descrita como uma humilhação pelo próprio ex-chefe de Estado.
O jornal francês Le Figaro destacou que a decisão do juiz Moraes representa um passo importante no que pode ser um dos julgamentos mais controversos da história recente do Brasil. “A imposição da tornozeleira foi considerada por Bolsonaro uma ‘suprema humilhação’”, ressaltou o diário.
A matéria do Figaro também lembrou que a medida surge em um contexto de crescente tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que ameaçou impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Ainda na França, Le Monde enfatizou que a pressão judicial sobre Bolsonaro aumentou significativamente. O vespertino afirmou em seu site que “a decisão de colocar o ex-presidente sob monitoramento eletrônico é um reflexo da seriedade das acusações contra ele”. Além disso, o texto mencionou que Bolsonaro é acusado de incitar “atos hostis” contra o Brasil, junto com seu filho Eduardo, e que o ex-presidente considera todo o processo uma “perseguição política”.
O britânico The Guardian trouxe à tona as preocupações de que Bolsonaro poderia tentar fugir do país para evitar uma possível condenação, que pode resultar em mais de 40 anos de prisão. “Ele está proibido de se comunicar com diplomatas estrangeiros”, relatou o jornal. A publicação também mencionou que o ex-presidente passou duas noites na embaixada da Hungria em 2022, após ter o passaporte apreendido pela PF, o que alimenta temores sobre uma possível fuga.
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O espanhol El País também cogitou a hipótese de que Bolsonaro possa buscar asilo, lembrando as ações de Donald Trump em apoio ao ex-presidente brasileiro. O texto destacou que, além das restrições impostas, “Bolsonaro não poderá se comunicar com seu filho, Eduardo, que atualmente reside nos Estados Unidos e atua como um dos principais defensores de sua estratégia de pressão sobre as autoridades brasileiras”.
Bolsonaro respondeu aos comentários sobre uma possível fuga do país. “Nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para uma embaixada”, disse o ex-presidente.
Após várias semanas de interrogatórios, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta semana a condenação de Bolsonaro por supostamente liderar uma conspiração fracassada para impedir a posse de Lula após perder as eleições de 2022. O ex-chefe de Estado já está inelegível até 2030 por propagar desinformação sobre as urnas eletrônicas. No entanto, segue se apresentando como o candidato da direita para as eleições de 2026.
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