Geralmente, em filmes, dinossauros são retratados como criaturas fortes, assustadoras e velozes. No entanto, a realidade pode não ser bem assim. Uma nova pesquisa realizada por pesquisadores do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil mostrou que os animais pré-históricos são mais lentos do que se imaginava. O estudo foi publicado na última quarta-feira (25/6) na revista científica Biology Letters.
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Normalmente, paleontólogos utilizam fórmulas matemáticas baseadas na distância entre as pegadas encontradas em fósseis para calcular a velocidade de deslocamento — quanto mais longos os passos, mais rápido o animal estava se movendo. No entanto, eles não levam em consideração fatores importantes, como o tipo de solo, que pode mudar totalmente o resultado do cálculo.
Em busca de uma abordagem mais precisa, os cientistas resolveram fazer testes com galinhas-d’angola (Numida meleagris), que são aves descendentes diretas dos dinossauros.
“Calcular velocidades a partir de rastros tornou-se uma abordagem padrão, em particular para dinossauros. No entanto, a equação original foi derivada de dados predominantemente de mamíferos. Houveram poucos estudos de validação usando pássaros modernos, descendentes de dinossauros terópodes, como as galinhas-d’angola”, escreveram os autores no artigo.
Entenda o novo método
- As galinhas-d’angola foram colocadas para correr em trilhas de lama com diferentes consistências, indo do mais firme ao mais encharcado, para imitar ambientes semelhantes aos que os dinossauros poderiam ter pisado no passado.
- Durante os testes, os pesquisadores filmaram as galinhas em alta definição, além de marcar o tempo com cronômetros para registrar a velocidade real.
- Em seguida, os cientistas aplicaram a fotogrametria – técnica que utiliza fotos para medir distâncias e objetos tridimensionalmente – para analisar as pegadas.
- Com todos os dados coletados, eles puderam fazer a comparação entre a velocidade real com a estimada a partir das pegadas.
Surpresa nos resultados
Em todos os testes, as equações feitas através das pegadas superestimaram a velocidade das galinhas em até quatro vezes, fato que surpreendeu os cientistas e mostrou como os métodos utilizados há décadas para estimar a velocidade dos dinossauros eram falhos.
Os estudiosos constataram que o tipo de solo é um fator que faz toda a diferença. Pegadas feitas em lama mole são muito diferentes das marcações em solo mais firme. Como muitos fósseis de dinossauros foram encontrados em áreas de sedimentos úmidos, os erros de cálculo podem ser ainda maiores se essa variável não for considerada.
Segundo a pesquisa, passos mais longos não indicam maior velocidade. Em algumas ocasiões, galinhas que tinham velocidades distintas deixavam pegadas com distâncias semelhantes, desmontando uma das principais bases dos cálculos tradicionais: a de que um passo longo reflete um movimento rápido.
A nova pesquisa abre um novo debate dentro da comunidade científica. No entanto, isso não significa que todos os dinossauros eram lentos, mas que algumas estimativas do passado podem estar equivocadas.
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