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    Vídeo: PM dispara spray de pimenta no rosto de motoboy em Águas Claras

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    Um motoboy de 24 anos denuncia ter sido alvo de abuso policial na região de Águas Claras, no Distrito Federal. Carlos Vinicius Phelippe Marques, 24 anos, afirma que foi agredido com spray de pimenta por policiais militares na sexta-feira (29/6), enquanto tentava socorrer um colega de profissão envolvido em um acidente. Segundo ele, a abordagem foi violenta e desproporcional: “Eles não queriam me prender, só me humilhar”.

    O caso ocorreu na hora de almoço, na Rua 22 Sul, em frente ao Residencial Montes Claros. Carlos conta que estacionou a moto para ajudar o amigo e, ao ser abordado, ouviu ameaças e xingamentos por parte dos militares. “Eles perguntaram onde estava minha moto. Falaram que iam jogar fora, porque estava com o retrovisor quebrado. Eu tentei explicar que tinha o direito de dirigir até o conserto, mas eles se alteraram. Quando comecei a discutir, já me atacaram com spray de pimenta”.

     

    Segundo o motoboy, o policial que o abordou seria um sargento do Grupo Tático Motociclístico (GTM), possivelmente lotado no 37º Batalhão da PMDF. “Os outros até pediam pra ele se acalmar, mas ele dizia que a ‘farra dos motoboys’ ia acabar. Que a gente estava se achando demais”, diz.

    Carlos afirma que ficou sufocado após receber o jato de spray no rosto. “Minha garganta fechou, achei que ia morrer. Uma senhora que mora perto desceu com uma garrafa d’água e falou que o prédio tem câmera. Eles me largaram lá mesmo.”

    Ameaças e medo

    De acordo com o motoboy, os problemas se agravaram após a publicação de vídeos da abordagem em redes sociais. “Começaram a me ameaçar. Estão rodando com minha foto na mão, indo atrás de amigos, dizendo que eu não sei com quem estou mexendo. Pararam vários motoboys perguntando por mim”, diz.

    Carlos diz que não conseguiu registrar boletim de ocorrência. “Fui na delegacia em Santa Maria, mas falaram que era pra ir na Corregedoria. Só que minha esposa está internada e eu tenho medo. Tive que vender minha moto.”

    O histórico de Carlos inclui um acidente com viatura policial há três anos, pelo qual ele já responde judicialmente. “Eles diziam que agora eu não ia escapar, que não ia sair ileso dessa vez.”

    Motoboys e entregadores denunciam há anos situações de abuso, perseguição e discriminação por parte de agentes públicos. “Minha moto já foi apreendida quatro vezes só este ano. Tenho habilitação, tudo certo, mas a gente é tratado como bandido”, conclui Carlos.

    Outro lado

    A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar do DF e com a Secretaria de Segurança Pública e aguarda posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação das autoridades.