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A agonia interminável de Bolsonaro e a hesitação de Tarcísio

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A agonia interminável de Bolsonaro e a hesitação de Tarcísio

Bolsonaro sente-se injustiçado. O que só piora seu estado de saúde. Tem crises intermitentes de soluços. Come pouco, nada além do necessário. E quando fala é para desancar o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de persegui-lo.

Ainda não decidiu se comparecerá às sessões do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir do próximo dia 2. Amigos o aconselham a marcar presença para demonstrar coragem. Outros, que se poupe de ouvir os ataques que lhe farão.

Há um assunto considerado tabu por seus visitantes: como Bolsonaro reagirá à condenação dada como certa?  Ou planeja tentar fugir? A Procuradoria-Geral da República pediu ao STF que a Polícia Federal reforce a vigilância perto da casa de Bolsonaro.

Em seu despacho, o procurador Paulo Gonet escreveu:

“Parece ao Ministério Público Federal de bom alvitre que se recomende formalmente à polícia que destaque equipes de prontidão em tempo integral para que se efetue o monitoramento em tempo real das medidas de cautelares adotadas […]”.

Há razões de sobra para isso. Quando teve seu passaporte apreendido em fevereiro do ano passado, Bolsonaro refugiou-se durante dois dias na embaixada da Hungria. À mesma época, salvou no celular pela última vez um pedido de asilo à Argentina.

Não satisfeito, descumpriu medidas cautelares. Mesmo proibido, ativou um novo celular e enviou vídeos pelo WhatsApp para que deputados e senadores aliados os postassem em suas redes sociais. Bolsonaro gabou-se sempre de ser “imbrochável e imorrível”.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL que abriga Bolsonaro e sua família, diz esperar um milagre. Por milagre, entenda-se uma nova intervenção de Donald Trump que possa salvar Bolsonaro da condenação. Improvável que haja ou que fosse bem-sucedida.

Se um dos cinco ministros da Primeira Turma do STF pedir vistas do processo (alô, alô, Luiz Fux!), os outros quatro poderão votar antes da retomada do julgamento dali a 90 dias. O placar final será de 5 x 0 ou de 4 x 1. A agonia de Bolsonaro apenas se estenderá.

A dele e também a dos aspirantes a candidato da direita em 2026 que aguardam a benção de Bolsonaro. São aspirantes sem votos suficientes para se eleger, e que sonham em herdar os votos de Bolsonaro. Por isso o adulam e defendem sem tanta convicção.

Os governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná) sabem que Bolsonaro não os apoiará no primeiro turno. A ter que apoiar alguém de fora de sua família, Bolsonaro apoiaria o governador Tarcísio de Freitas (SP).

Mas essa não é a única condição para que Tarcísio concorde em trocar uma reeleição segura por uma eleição arriscada. Desde 1930, só um governador de São Paulo se elegeu presidente: Jânio Quadros, mato-grossense. Renunciou ao cargo 6 meses depois.

A maioria dos brasileiros admira São Paulo e inveja o padrão de vida dos seus habitantes. Mas na hora de votar para presidente, receia em dar mais poderes ainda para São Paulo.

 

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