Willy Chavarria quis celebrar as próprias raízes em uma nova colaboração com a Adidas. A homenagem, no entanto, não foi bem-vinda por autoridades mexicanas, que acusaram o estilista e a marca de apropriação cultural. A polêmica gira em torno do sapato Oaxaca Slip-On, que leva o nome de um estado do México onde é produzido um calçado indígena, batizado de huarache.
Para o governo local, o tênis copia o modelo tradicional sem reconhecimento ou autorização dos artesãos originais, da comunidade de Villa Hidalgo Yalalág. O governador de Oaxaca (vídeo abaixo) chegou a sugerir que entraria com uma ação legal contra Chavarria. Vem entender melhor!
En la #PrimaveraOaxaqueña vamos a trabajar siempre para proteger el patrimonio de nuestros pueblos para evitar apropiaciones indebidas por parte de marcas. Ya tomamos cartas en el asunto y acompañaremos jurídicamente al pueblo de Yalalag, porque la cultura no se vende, se… pic.twitter.com/0gigr6llJY
— Salomón Jara Cruz (@salomonj) August 6, 2025
Homenagem da Adidas ou apropriação cultural?
O calçado polêmico, da linha Adidas Originals, foi apresentado em um evento da marca no Museu de Arte de Porto Rico. Até o momento, a data de vendas para o público não foi anunciada. Responsável pelo design da collab, Willy Chavarria nasceu na Califórnia, nos Estados Unidos, mas tem ascendência mexicana por parte de pai.
Com cabedal de couro premium entrelaçado, solado grosso, ponta aberta e sem cadarços (estilo slip-on), o sapato foi apresentado na cor preta e considerado um “híbrido” entre as raízes mexicanas de Chavarria e a estética urbana do streetwear. Berth Oh, artista mexicano, estrela as imagens da campanha.
Salomón Jara, governador de Oaxaca, é uma das principais autoridades mexicanas que se manifestaram contra o Oaxaca Slip-On, e chegou a falar sobre o assunto em uma coletiva de imprensa. Para ele, as sandálias huarache vão além de um simples design, e representam valores como “cultura, história e identidade de um povo originário”.
“Violação dos direitos coletivos”
Uma das autoridades mexicanas que se manifestaram contra o lançamento foi o deputado Isaías Carranza. Para ele, o calçado é uma apropriação direta das versões tradicionais produzidas pela comunidade da Villa Hidalgo Yalalag, em Oaxaca, onde a cultura indígena é um traço local marcante.
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A Secretaria de Cultura e Artes do estado também se manifestou contra as finalidades comerciais do que considerou uma “violação dos direitos coletivos” dos povos originários locais sem consentimento. Além disso, pediu reparação de danos, reconhecimento público e suspensão da comercialização do modelo da Adidas.
Polêmicas semelhantes
Grifes como Carolina Herrera, Louis Vuitton, Ralph Lauren, Isabel Marant e Zimmermann, bem como a varejista chinesa de fast fashion Shein, também protagonizaram polêmicas semelhantes nos últimos anos, envolvendo acusações de apropriação cultural de artesanato indígena mexicano.
Há algumas semanas, depois de uma controvérsia similar em 2019, a Prada foi acusada de replicar os calçados Kolhapuri, um estilo indiano de sandália. A marca admitiu a inspiração posteriormente, e o caso chegou a impulsionar as vendas dos modelos originais feitos pelos artesãos da Índia.