Advogado que atua para a Trump Media e a Rumble nos Estados Unidos, Martin De Luca recebeu ameaças no celular após o seu número vazar no inquérito da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
O relatório produzido pela corporação foi disponibilizado pelo STF de modo a atender ao interesse público. Nele, o número de Martin De Luca com prefixo de Nova York aparece sem tarja, assim como o de outras pessoas citadas na investigação, como o próprio Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.
Donald Trump é presidente dos EUA e dono da Trump Media
Reprodução / Casa Branca
Jair Bolsonaro
Hugo Barreto/Metrópoles
Alexandre de Moraes foi sancionado pelo governo Trump
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“Tão logo o relatório foi tornado público, Martin De Luca recebeu dezenas de ameaças, contra ele e a família dele, no celular. Acreditamos que possa ter sido uma ação premeditada e coordenada, porque as ameaças foram enviadas com grande velocidade até mesmo para o e-mail dele, que sempre foi público”, disse à coluna uma pessoa próxima ao advogado.
A pedido de autoridades do governo Donald Trump, Martin De Luca evitou se manifestar publicamente sobre o assunto. Um levantamento está sendo feito para checar se a divulgação do telefone fere, de alguma forma, a legislação brasileira.
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Em contato com a coluna, um integrante da cúpula da Polícia Federal sustentou que a investigação precisa conter todos os dados relevantes para fins de produção probatória. E que a atividade da PF é pautada pelo sigilo, premissa que orienta os trabalhos da corporação.
No inquérito, aberto por determinação do ministro Alexandre de Moraes, a Polícia Federal identificou trocas de mensagens entre Bolsonaro e Martin De Luca. Em fevereiro deste ano, o advogado moveu ações contra Moraes nos Estados Unidos acusando o magistrado de censura e violação de tratados internacionais.
PF aponta ataques a Moraes e STF
Ao concluir a investigação, a Polícia Federal escreveu que Bolsonaro e De Luca “convergiram na propagação de ações mútuas, quais sejam: amplificar ataques direcionados ao Supremo Tribunal Federal (STF), na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, de forma a atingir a jurisdição brasileira, atribuindo descrédito ao Poder Judiciário nacional”.
A corporação indiciou Jair Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito por meio da restrição ao exercício dos poderes constitucionais. A Procuradoria-Geral da República se manifestará sobre o caso.