Até o momento, em 2025, o Distrito Federal teve apenas três atuações de árbitros principais em jogos de Série A. Este é o número mais baixo de escalas na elite nacional em mais de uma década. O ano de 2024, apesar de também ter números baixos, chegou a ser mais expressivo, com nove partidas. Em 2023 foram 22 confrontos.
Já no futebol local, não é novidade o atrito entre as equipes candangas e a Comissão de Arbitragem do Distrito Federal (CDAF). Em 2024, a CDAF elegeu uma nova chapa para a gestão. O presidente eleito, Raimundo Lopo, figura carimbada no DF e amplamente respeitada local e nacionalmente, prometeu mais diálogo da instituição com os clubes, e maior exigência dos profissionais.
No arbitral do mesmo ano, optou por remover o veto — direito dos clubes de “negar” profissionais de apitarem suas partidas decisivas. Os times participantes, em maioria, protestaram contra a decisão, mas foram assegurados que teriam melhorias no trabalho local.
O principal contestador foi o representante da S.E. Gama, que alegou ter sido prejudicado na ida da semifinal do mesmo ano pelo árbitro principal. Na época, segundo o clube, mesmo diante de protestos, o profissional voltou a ser escalado para comandar a volta do confronto.
No entanto, mesmo depois da mudança na presidência, os problemas persistiram e a bronca dos clubes apenas se agravou após a remoção dos vetos. Desde então, recorrentemente, árbitros que cometeram erros graves foram repetidos logo em seguida nos jogos da mesma equipe.
A situação chegou ao ponto de incomodar diversos times, que enxergaram a atitude como uma possível afronta ou retaliação quanto à cobrança diante dos profissionais. A condução da CDAF a respeito das críticas pode ser refletida na falta de escalas nacionais da entidade.
Situação Recorrente
Em partida polêmica do Candangão sub-20 de 2024, o árbitro Allysson Zilse, que comandou as quartas de final entre Samambaia e Capital, deixou de marcar um pênalti claro a favor da equipe da casa, que acabou eliminada por um gol de diferença. Confira o lance:
Apesar de amplas contestações do clube, o próximo jogo do Samambaia sub-20 foi comandado pelo mesmo árbitro. Em 2025, Zilse chegou a fazer mais dois jogos da equipe.
O primeiro, novamente no sub-20, na partida entre Aruc x Samambaia, onde o agora visitante também ficou na bronca com um pênalti não marcado e um gol mal anulado. Na semana seguinte, atuou mais uma vez em partida válida pelo campeonato sub-15.
Assista:
De forma semelhante, no Candangão 2024, a equipe do Ceilandense enviou ofício à federação exercendo o direito de veto do árbitro Luiz Paulo Aniceto, após a partida entre Ceilandense e Gama. O duelo terminou na vitória do visitante, por um gol que estaria configurado o impedimento do atacante, que encobre a visão do goleiro.
No entanto, após a remoção dos vetos, Aniceto chegou a apitar mais quatro dos nove jogos do Ceilandense em 2025, praticamente metade das partidas da equipe no campeonato. Veja:
A percepção que os clubes têm de retaliação da CDAF, quando há cobrança, vai além da repetição de escalas. No Candango Sub-20 de 2025, o Brasiliense enviou ofício após a partida contra o Luziânia, solicitando árbitros mais rodados para suas partidas, e alegou que o clube estava sendo usado como “laboratório” para lançar profissionais inexperientes.
Nas quatro primeiras rodadas do campeonato, o Jacaré contou com arbitragem “novata” no quadro em três delas. Tudo culminou na quarta rodada, em que, de acordo com o clube, a falta de critério e experiência do árbitro Caio Magalhães tumultuou ainda mais um confronto que já tem histórico de confusões. Dado ao histórico, o time alegou que a partida requereria um profissional à altura do desafio.
Já na semifinal, o Brasiliense questionou a escalação de Cássia França para o jogo decisivo, que daria vaga para a Copa São Paulo e Copa do Brasil de 2026. O Jacaré alegou que, mais uma vez, foi usado como “cobaia” para a inexperiência, uma vez que, na outra semifinal, entre Sobradinho e Santa Maria, um profissional experiente foi escalado. Neste caso, a árbitra nunca havia apitado uma decisão profissional ou sub-20.
No Candangão 2025, foi responsável por conduzir a partida entre o já rebaixado Legião e o Ceilandense. que brigava contra o descenso na sétima rodada da fase de grupos. Neste jogo, houve um pênalti claro não marcado a favor da equipe de Ceilândia, que culminou na ida do time para a segunda divisão por um ponto.
A Omissão da Federação
A cobrança dos times também passa pela Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), que não se manifesta ou dá satisfação quando ocorrem erros graves de arbitragem, como fazem outras entidades no país. Alguns desses erros que resultaram na eliminação, ou até mesmo rebaixamento infundado, das suas equipes filiadas.
Os árbitros que cometeram tais infrações foram recompensados com encobrimento do ocorrido e, em sequência, receberam mais oportunidades de apitar, enquanto os times prejudicados amargaram as consequências sem respaldo.