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    Argentina identifica 28 membros do PCC no país e batismos em prisões

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    O ministério da Segurança Nacional da Argentina identificou 28 membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) no país. Oito deles estão em unidades prisionais argentinas, e realizam batismos de entrada na facção, nos moldes do que ocorre em prisões brasileiras.

    A informação foi divulgada pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, em coletiva de imprensa realizada na última terça (5/8).

    Na ocasião, ela também anunciou o Comissário-Geral Pascual Mario Bellizzi com o recém-nomeado diretor do Departamento Federal de Investigações (DFI) da Polícia Federal Argentina – órgão que está à frente das investigações contra a facção paulista.

    Bellizzi afirmou que a presença do PCC na Argentina ainda é incipiente, o que não diminui o alerta das autoridades locais. “Embora não haja uma infiltração transcendente no país, eles estão tentando fazer isso, [como fizeram] em outros países do continente americano, onde a presença é muito mais importante”, disse.

    Batismo nas prisões e caráter de máfia

    De acordo com o governo argentino, integrantes do PCC estão realizando cerimônias de iniciação e batismo de novos membros em prisões do país. No ato, os novos “irmãos” recebem um número de registro.

    “Essas práticas replicam o modus operandi documentado no Brasil, onde o PCC construiu grande parte de seu poder com base em sua influência no sistema prisional”, afirmou o Ministério da Segurança Nacional da Argentina.

    O chefe do DFI destacou que, assim como no Brasil, a facção demonstra aos seus novos membros o poder econômico que tem, se encarregando dos custos que envolvem os cuidados e a proteção desses integrantes e seus familiares. A tática costuma atrair a lealdade dos batizados.

    Para Belluzzi, o modus operandi do PCC se assemelha ao das máfias italianas. “Podemos realmente chamá-los de organizações mafiosas. Eles têm rituais, métodos de iniciação similares a outras organizações mafiosas europeias, como por exemplo as italianas”, afirmou.

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    Membros identificados

    Conforme a pasta, dos 28 membros identificados, oito estão detidos em unidades prisionais federais e provinciais. No grupo restante, de 20 pessoas, há indivíduos foragidos, sob investigação ou que foram expulsos ou extraditados.

    Um desses membros seria Fábio Rosa Carvalho, conhecido como “Fábio Noia” e apontado como um dos líderes do PCC no Rio Grande do Sul. Ele foi preso na capital argentina em 1º de agosto. Até a última atualização, o réu aguardava a extradição para o Brasil.

    Força-tarefa busca desarticular PCC na Argentina

    Bellizzi reforçou que um dos principais objetivos do DFI é identificar todos os possíveis membros do PCC na Argentina, para então desmantelar a organização, “e evitar a todo custo que se instalem no nosso país, porque esse tipo de organização é muito violenta”. O chefe das investigações chamou a meta de “grande desafio”.

    “Nossa primeira medida é evitar, a todo custo, que se instalem dentro de nosso país”, disse o chefe das investigações, que afirmou procurar evitar principalmente a relação entre o PCC e facções locais, geralmente ligadas ao narcotráfico e tráfico de armas.

    PCC se instalou em 28 países pelo mundo, diz MPSP

    • Uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), concluiu que o PCC se instalou em, ao menos, 28 países pelo mundo.
    • Em setembro de 2023, o Metrópoles revelou em primeira mão que a facção já estava instalada em ao menos 23 países.
    • Agora, as investigações apontam para novas nações que contam com a presença do grupo.
    • De acordo com o MPSP, o PCC tem membros em todos os países da América do Sul, da Argentina à Venezuela, com predominância no Paraguai, onde estão 699 membros da facção – sendo 341 presos e 353 em liberdade.
    • Na América do Norte, a facção se instalou no México, com três membros, e nos Estados Unidos, com 15, sendo dois dentro do sistema prisional.
    • Na Europa, o PCC está em países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália, Irlanda e Portugal, onde há maior concentração de membros do grupo criminoso – 29 presos e 58 em liberdade.
    • Ainda no continente europeu, os investigadores identificaram um membro em liberdade atuando nos negócios da facção na Sérvia, na região dos Balcãs, e outro integrante na Turquia, nação que possui a maior parte do território na Ásia.
    • No continente asiático, o MPSP identificou um membro, também em liberdade, no Líbano, país do Oriente Médio.
    • De acordo com os dados, há 2.078 membros do PCC em atividade pelo mundo – 1.092 estão presos, e 986 estão atuando em liberdade.
    • Em 2023, eram 1.545 membros espalhados pelo globo.