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Batida da música influencia os tipos de memórias lembradas, diz estudo

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Batida da música influencia os tipos de memórias lembradas, diz estudo

Quem nunca ouviu uma música e percebeu que a canção trazia de volta emoções, felizes ou tristes? Um novo estudo científico mostra que as memórias podem ser desencadedas a partir da própria estrutura melódica da canção.

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A pesquisa da Goldsmiths University of London foi publicada na revista PLOS One nesta quarta-feira (20/8). A investigação mostra que músicas rápidas e pouco acústicas evocam lembranças alegres, enquanto sons lentos e acústicos despertam recordações de calma, romance ou tristeza.

Como foi feito o estudo?

Os psicólogos Safiyyah Nawaz e Diana Omigie investigaram se certas características auditivas, como intensidade e andamento da música, influenciam o tipo de memória evocada. Segundo Omigie, “a análise aprofundada mostrou que não é apenas o quanto uma pessoa gosta de uma música e o quão familiar ela é que influencia a memória, mas também as próprias características da obra que se escuta”.

Participaram do estudo 233 adultos que relataram experiências pessoais associadas tanto a músicas escolhidas por eles quanto a trechos populares de 15 segundos. As canções estavam na lista de mais ouvidas da Billboard durante os anos em que os participantes tinham entre 9 e 19 anos.

A pesquisa confirma que apenas alguns segundos de uma canção podem transportar alguém para momentos específicos da vida. Recordações de festas, passeios ou encontros foram descritas em detalhes, reforçando a força da música como estímulo de memórias autobiográficas.

Músicas trouxeram mais de mil lembranças

Os voluntários compartilharam mais de 1,4 mil lembranças musicais ao ouvir 10 trechos de música cada. As lembranças foram analisadas com técnicas estatísticas como análise de componentes principais e modelagem de efeitos mistos. O objetivo foi cruzar as qualidades das canções com os traços das memórias evocadas.

Os resultados apontaram que obras acústicas de baixa energia, como Clair de Lune de Debussy, evocaram recordações associadas à contemplação, romance e melancolia. Essas lembranças foram descritas como vívidas, únicas e de importância pessoal.

Em contraste, músicas enérgicas e pouco acústicas, como When Doves Cry, de Prince, evocaram lembranças de diversão e excitação apesar da letra melancólica. Essas memórias de canções agitadas foram lembradas mais rapidamente e ligadas a interações sociais intensas.

Música de Prince foi uma das que evocou mais memórias positivas durante o estudo

Aplicações clínicas e arquivo online

As descobertas podem ajudar em terapias de reminiscência, voltadas a pessoas com declínio cognitivo ou doença de Alzheimer. Ao entender como a música desperta memórias, torna-se possível direcionar estímulos sonoros de modo mais eficaz.

Nawaz, um dos líderes do estudo, afirmou: “Todos nós conhecemos a experiência de ouvir uma música e ser transportado de volta no tempo para uma memória vívida associada a ela. Constatamos que as propriedades da obra em si, características como acústica, intensidade e energia, estão relacionadas às qualidades emocionais e fenomenológicas das mesmas memórias”.

Os pesquisadores também criaram um arquivo digital no site memoryrecords.xyz que reunirá relatos de participantes. A iniciativa busca ampliar a base de dados para além do repertório ocidental e reunir experiências musicais diversas.

Omigie destacou que futuras investigações devem considerar fatores subjetivos, como gosto e contexto cultural. Os autores defendem que a compreensão dessas conexões amplia o conhecimento sobre percepção, emoção e memória.

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