Em mensagem enviada ao filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que teria conversado com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e que “todos ou quase todos demonstram preocupação com sanções”.
A mensagem, que consta no relatório final da Polícia Federal (PF) sobre possível coação no processo da trama golpista, foi trocada em 27 de junho deste ano, antes do anúncio do tarifaço contra o Brasil e da aplicação da lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.
Como mostrou a coluna, tanto Jair quanto Eduardo foram indiciados pela PF nesta quarta-feira (20/8) por coação no curso do processo da trama golpista.
A conversa, segundo a PF, começa nesse dia com o envio, por Eduardo, de três arquivos de mídia cujo conteúdo não pôde ser recuperado pela investigação. Logo depois, questiona se pode compartilhar o conteúdo e manda um emoji rindo ao pai.
Em resposta, Bolsonaro informa que o conteúdo não deveria ser compartilhados e diz: “esqueça qualquer crítica ao Gilmar”. Segundo a PF, a fala seria uma possível referência ao ministro do STF Gilmar Mendes.
“O ex-Presidente então afirma que tem ‘conversado com alguns do STF’ e que ‘todos ou quase todos, demonstram preocupação com sanções’, referindo-se às medidas que viriam a ser adotadas pelos Estados Unidos contra o Estado brasileiro”, afirma a PF no relatório.
Segundo a corporação, a conversa segue depois por meio de ligação telefônica, a pedido de Bolsonaro.
Dias depois, em 7 de julho, outra conversa entre pai e filho: desta vez sobree a carta publicada pelo presidente norte-americano Donald Trump falando sobre uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente no Brasil.
A PF afirma, então, que a mensagem enviada na sequência por Eduardo evidenciaria a “real intenção dos investigados”, que não seria uma anistia para os condenados pelos atos golpistas de 8 Janeiro, mas sim, “interesses pessoais no sentido e obter uma condição de impunidade de Jair Bolsonaro na ação penal em curso por tentativa de golpe”.
“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar […] Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto”, disse Eduardo.