MAIS

    Câmeras flagraram PMs deixando festa com copos na mão antes de batida

    Por

    O inquérito conduzido pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que indiciou a soldado da Polícia Militar (PMDF) Ana Flávia Vitor Campos por homicídio culposo no trânsito, por duas vezes, após o grave acidente ocorrido na noite de 2 de maio deste ano, no Setor de Clubes Esportivos Sul, em Brasília, revelou detalhes dos momentos que antecederam a tragédia.

    Câmeras de segurança registraram imagens de todos os seis policiais que haviam acabado de deixar a festa de formatura da corporação, realizada no clube Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Imagens coletadas pela Polícia Civil mostram o grupo deixando o local com copos comemorativos nas mãos.

    Leia também

    Testemunhas que estavam no local do acidente relataram terem visto militares recolhendo os copos da cena do acidente. No laudo pericial, entretanto, não consta a presença dos copos, o que reforça a suspeita de uma suposta fraude processual. Esse ponto será investigado em procedimento separado pela PCDF, já que a motorista, presa entre as ferragens, não poderia ter participado da retirada.

    Apesar de relatos de consumo de bebida alcoólica por parte de alguns envolvidos, os investigadores não encontraram provas de que a soldado Ana Flávia estivesse alcoolizada.

    Veja imagens do local do acidente:

    8 imagensO segundo aluno do curso de formação que morreu foi Rafael Basílio Arnold dos Santos. Ele sofreu traumatismo craniano.Dois PMs morreram após o carro em que estavam, um Hyundai HB20 branco, bater contra uma árvore no canteiro central de uma via no Setor de Clubes Esportivo SulOutros dois ocupantes sofreram traumatismo craniano e foram levados em estado grave para o Hospital de BaseA ocorrência foi registrada pouco antes das 23h50 dessa sexta-feira (2/5) pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que mobilizou seis viaturasNo interior do veículo estavam cinco pessoas, que foram avaliadas e atendidas pelas equipes de resgateFechar modal.1 de 8

    Lucas Souza Diniz Adorni teve parada cardiorrespiratória e teve o óbito constatado no local do acidente.

    Reprodução2 de 8

    O segundo aluno do curso de formação que morreu foi Rafael Basílio Arnold dos Santos. Ele sofreu traumatismo craniano.

    Reprodução3 de 8

    Dois PMs morreram após o carro em que estavam, um Hyundai HB20 branco, bater contra uma árvore no canteiro central de uma via no Setor de Clubes Esportivo Sul

    CBMDF4 de 8

    Outros dois ocupantes sofreram traumatismo craniano e foram levados em estado grave para o Hospital de Base

    CBMDF5 de 8

    A ocorrência foi registrada pouco antes das 23h50 dessa sexta-feira (2/5) pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), que mobilizou seis viaturas

    CBMDF6 de 8

    No interior do veículo estavam cinco pessoas, que foram avaliadas e atendidas pelas equipes de resgate

    CBMDF7 de 8

    Uma das vítimas com parada, foi submetida pelos socorristas, ao protocolo de reanimação cardiopulmonar (RCP)

    CBMDF8 de 8

    Apesar dos esforços, não resistiu e teve o óbito da vítima constatado por um médico no local

    CBMDF

    A tragédia

    O veículo, um HB20 branco, era conduzido por Ana Flávia quando colidiu violentamente contra uma árvore. Dois policiais morreram: o aluno-soldado Lucas Souza Diniz Adorni, que sofreu parada cardiorrespiratória e teve o óbito constatado no local, e o também aluno do curso de formação Rafael Basílio Arnold dos Santos, vítima de traumatismo craniano.

    Inicialmente, o boletim de ocorrência registrou a presença de cinco pessoas no veículo: além da motorista e das duas vítimas fatais, estavam no carro os soldados Gustavo Paulino Garcia Costa e Bianca Bandeira Cesar Luz.

    Dias depois, o soldado Jonas Lima Jorge procurou a polícia e revelou que também estava no automóvel. Segundo ele, após o acidente ficou “desorientado”, pediu um carro por aplicativo e foi para casa, deixando o local antes da chegada do socorro. Enquanto isso, a investigação paralela sobre a retirada dos copos de bebida da cena deve apurar se houve tentativa de ocultação de provas.

    Veja o vídeo do resgate dos bombeiros:

     

    Depoimentos

    Os investigadores contaram com o depoimento de dois motoristas de aplicativo que estavam no local do acidente para colher informações importantes na condução do inquérito. Ambos mantiveram versões coesas e semelhantes.

    As duas testemunhas que presenciaram o acidente e ajudaram no socorro às vítimas relataram, basicamente, que a motorista perdeu o controle do veículo sozinha. Outra testemunha presenciou o momento em que o veículo subiu a via lateral com os seus integrantes fazendo algazarra e com os corpos para fora do carro.

    Para tentar traçar a dinâmica do acidente e esclarecer os motivos que fizeram a policial perder o controle do veículo em uma reta, as equipes da PCDF entraram em contato com a mãe da motorista, que até então estava hospitalizada e não poderia ser ouvida em termo de declaração. A mãe da soldado teria sido categórica em afirmar que não passaria nenhuma informação à PCDF e que os investigadores deveriam procurar a PMDF.

    Carro guinchado

    A Polícia Civil precisou oficiar o comando-geral da corporação para descobrir que o HB-20 havia sido guinchado e levado para o pátio da Academia da PMDF. Apenas na manhã de 8 de maio, três dias após o acidente, o carro foi levado para o Instituto de Criminalística (IC), onde perícias complementares foram realizadas.

    O laudo de exame de local foi concluído e apontou como causa do acidente a perda de controle do veículo pela motorista. A PCDF também solicitou perícia complementar com o objetivo verificar eventuais danos prévios nos freios ou sistema de direção que pudessem ter determinado a perda do controle.

    O laudo afirma que os sistemas não possuíam avarias. Foi solicitada, ainda, uma perícia para identificar a suposta presença de resquícios de espargidores (spray de pimenta).

    A perícia foi solicitada em razão do depoimento da testemunha, que afirmou ter visto o veículo trafegando com pessoas fazendo algazarra com os corpos para fora do carro, o que podia indicar algum tipo de brincadeira de mau-gosto que levasse a motorista a perder o controle do carro. O resultado também foi negativo.