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Cargos e Faria Lima acirraram racha entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio

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Cargos e Faria Lima acirraram racha entre Eduardo Bolsonaro e Tarcísio

O racha entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), escancarado pelas recentes mensagens que o deputado federal enviou ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), destacadas em relatório da Polícia Federal (PF), teve início ainda na divisão de cargos durante a montagem do governo paulista, no fim de 2022, e foi se agravando até atingir o ápice com a imersão do governador de São Paulo no mercado financeiro, popularmente conhecido como turma da Faria Lima.

Em uma das mensagens encaminhadas ao pai, em julho deste ano, Eduardo deixa claro sua bronca com Tarcísio por ter sido ignorado na articulação feita após o anúncio do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre os produtos brasileiros, e pela proximidade do governador com bancos e agentes do mercado.

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“Agora ele quer posar de salvador da pátria. Se o sistema enxergar no Tarcísio uma possibilidade de solução, eles não vão fazer o que estão pressionados a fazer. E pode ter certeza, uma ‘solução Tarcísio’ passa longe de resolver o problema. Vai apenas resolver a vida do pessoal da Faria Lima”, escreveu Eduardo a Jair Bolsonaro.

Segundo a PF, Eduardo revela nas mensagens que “atuou nos Estados Unidos para enfraquecer a ideia de que o atual governador de São Paulo seria o sucessor de Jair Bolsonaro”. Em uma mensagem ao pai, o deputado diz, segundo transcrição da PF: “Aqui nos EUA tivemos que driblar a idéia plantada aqui pelos aliados dele, de que ‘Tarcísio = Bolsonaro’, uma clara mensagem de que os EUA não precisariam entrar nesta briga, pois com TF [Tarcísio] ou vc [Bolsonaro], Trump teria um aliado na Presidência do Brasil em 2027”.

Nas mensagens, Tarcísio aparece como alvo recorrente do filho 03 de Bolsonaro, que está morando desde fevereiro deste ano nos Estados Unidos, onde tem articulado sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e foi indiciado junto com o ex-presidente por obstrução de Justiça na ação penal da trama golpista.

Eduardo também questionou a influência de Tarcísio junto a ministros do STF. “Só para te [Bolsonaro] deixar ciente: Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo vc se fuder e se aquecendo para 2026”, escreveu o parlamentar.

Um mês antes, o deputado ainda ironizou o governador que teria deixado de demitir “secretários ligados ao PSol”, em troca de mensagens com o pai. Em outra conversa, Eduardo diz que “a narrativa de Tarcísio te sucedendo, que já há acordo para isto, está muito forte. Precisamos segurar isso para nos mantermos vivos aqui”.

À época, Eduardo já morava há meses nos Estados Unidos e estava prestes a expirar o prazo da licença que o tirou da Câmara dos Deputados. Nesse período, foi ventilada a possibilidade de Tarcísio nomear o filho do ex-presidente em uma secretaria estadual, mas segundo um aliado de Eduardo, o governador fugiu do assunto. Fontes do Palácio dos Bandeirantes afirmaram que a nomeação de Eduardo seria uma forma de “trazer a crise do tarifaço para dentro do governo”.

Indicações vetadas

Mas as rusgas de Eduardo com Tarcísio antecem o início do mandato do governador, em 2023. De acordo com aliados de Tarcísio, após à eleição de 2022, o deputado fez uma série de indicações a cargos do governo, mas foi pouco contemplado. Uma das poucas exceções foi a Secretaria de Políticas para a Mulher – pasta criada via decreto e que praticamente não tinha orçamento.

A secretaria era comandada por Sonaira Fernandes (PL), ex-assessora de Eduardo, que deixou a pasta para retornar à Câmara de Vereadores. Agora, a secretaria é comandada pela deputada estadual licenciada Valeria Bolsonaro (PL-SP).

Com a aliada em uma pasta esvaziada e com pedidos por mais espaço vetados, Eduardo não se sentiu contemplado por Tarcísio, o que teria originado o racha com o governador.

Tarcísio e a Faria Lima

Aliados do ex-presidente afirmam que as mensagens de Whatsapp divulgadas pela PF enfraquecem Tarcísio diante da militância bolsonarista, expondo, na visão deles, que o governador de São Paulo tem se preocupado mais em agradar ao mercado financeiro, em vez de defender a anistia aos bolsonaristas, enquanto a Faria Lima tenta impor a candidatura de Tarcísio à Presidência, escanteando o núcleo central do bolsonarismo.

Entre agendas públicas e privadas, nas últimas duas semanas, Tarcísio participou de ao menos quatro reuniões organizadas por bancos ou agentes do mercado financeiro. Aliados afirmam que o governador precisa fazer acenos à Faria Lima e ao centrão, já que o antipetismo garantiria os votos bolsonaristas, em uma eventual disputa contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano que vem.

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