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    Clínica onde incêndio matou 5 pessoas foi interditada há mais de 1 ano

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    O Instituto Terapêutico Liberte-se, onde um incêndio matou cinco pessoas e deixou 11 com sintomas de intoxicação por fumaça, foi interditada pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) em 12 de julho do ano passado.

    Na data, foi constatado que o local funcionava sem licença. Ao continuar aberta mesmo após a interdição, a clínica descumpriu a determinação da pasta. O instituto só poderia retomar as atividades após obter a autorização.

    As equipes da Secretaria DF Legal foram ao local após denúncia registrada via Ouvidoria do GDF. “Na oportunidade, ficou verificado que o estabelecimento encontrava-se sem licença de funcionamento e, por esse motivo, o local recebeu um auto de interdição e deveria estar fechado até que conseguisse a licença necessária”, informou a secretaria.

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    O proprietário e diretor da clínica, Douglas Costa de Oliveira Ramos, 33 anos, confessou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) que solicitou o alvará, mas a autorização não foi expedida ainda. O instituto também não obteve aprovação de licenciamento do Corpo de Bombeiros, que sequer fez a vistoria no local.

    A clínica clandestina funcionava há cinco meses, segundo o dono. O tratamento oferecido consistia na internação de dependentes químicos por seis meses, com visitas mensais e ligações semanais.

    O que se sabe sobre o caso

    • O Instituto Terapêutico Liberte-se, casa de reabilitação de dependentes químicos no Paranoá (DF), pegou fogo na madrugada deste domingo (31/8), por volta das 3h.
    • Cinco pessoas morreram e ao menos 11 ficaram feridas.
    • Darley Fernandes de Carvalho, José Augusto, Lindemberg Nunes Pinho, Daniel Antunes e João Pedro Santos morreram no local.
    • Atualmente, a clínica contava com 46 internos. Não se sabe ainda, porém, quantos deles estavam no local no momento do incêndio.
    • As causas do início do fogo são desconhecidas. A 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) investiga o caso.
    • O Corpo de Bombeiros conteve as chamas e levou as vítimas aos hospitais regionais de Sobradinho (HRS) e da Região Leste, no Paranoá (HRL).
    • A clínica não tinha alvará de funcionamento e havia sido interditada pelo DF Legal em julho de 2025, mas continuou aberta clandestinamente.

    4 imagensAlém das cinco vítimas que não resistiram, 11 foram ao hospital com suspeita de intoxicação por inalação de fumaçaCasa estava trancada no momento do incêndioLocal pegou fogo neste domingo (31/8). Cinco pessoas morreramFechar modal.1 de 4

    Cinco pessoas morrem em incêndio no DF

    Reprodução/CBMDF2 de 4

    Além das cinco vítimas que não resistiram, 11 foram ao hospital com suspeita de intoxicação por inalação de fumaça

    Divulgação/CBMDF3 de 4

    Casa estava trancada no momento do incêndio

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    Local pegou fogo neste domingo (31/8). Cinco pessoas morreram

    Divulgação/CBMDF

    A causa do incêndio ainda não foi revelada. A PCDF investiga o caso.

    Feridos

    O Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) informou que encontrou corpos de cinco homens durante a etapa de rescaldo, etapa na qual os profissionais eliminam os focos remanescentes para evitar novo incêndio.

    Outras 11 pessoas foram levadas a hospitais próximos da região com sintomas de intoxicação por inalação de fumaça.

    Os feridos têm entre 21 e 55 anos. Somente as iniciais e a idade foram divulgadas. Veja:

    D.S., 24 anos;
    L.G., 21 anos;
    L.S., 21 anos;
    M.D., 28 anos;
    J.G.S.J., 30 anos;
    R.S., 44 anos;
    M.S., 24 anos;
    E.G.S., 33 anos;
    R.F.M., 33 anos;
    G.S.D.S.Q., 34 anos; e
    R.Q., 55 anos.

    O que diz o GDF

    A Administração Regional do Paranoá informou à reportagem que não detém competência legal para conceder, de forma isolada, o alvará de funcionamento, nem para autorizar a operação definitiva de estabelecimentos. Ao órgão, cabe apenas o deferimento da viabilidade locacional, de forma que a continuidade do processo de autorização de funcionamento depende obrigatoriamente de vistorias e autorizações posteriores emitidas pelos demais órgãos competentes.

    Segundo a administração, a licença de localização da casa de recuperação foi deferida na quinta-feira (28/8). No entanto, essa licença não equivale ao alvará de funcionamento, sendo tão somente a primeira fase do processo. Ou seja, não se trata de documento apto a autorizar a prestação de serviço que estava sendo realizada no local.

    A administração lamentou o trágico incêndio. “Manifestamos nossa solidariedade às vítimas, familiares e a toda comunidade impactada pelo ocorrido, e nos colocamos à disposição dos órgãos competentes para colaborar no que estiver ao nosso alcance”, ressaltou, em nota enviada ao Metrópoles.

    Clínica se pronuncia

    Após o incêndio, o Instituto Terapêutico Liberte-se divulgou uma nota na qual lamentou o caso e informou que está “em contato com as autoridades competentes”.

    “Colocamo-nos inteiramente à disposição para colaborar com as investigações, fornecendo todas as informações necessárias para esclarecer as circunstâncias do ocorrido. Reiteramos nosso compromisso com a transparência e com a apuração rigorosa dos fatos”, afirmou.