A Controladoria Geral do Estado (CGE) de São Paulo disse que não há motivo para investigar o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), pela casa de luxo que está construindo em Porto Feliz, no interior de São Paulo. Conforme revelado pelo Metrópoles, o empreiteiro responsável pelo imóvel, que custará pelo menos R$ 3 milhões, afirmou que o empresário Guilherme Moron seria responsável pelos pagamentos.
O posicionamento da CGE ocorreu após questionamento do deputado estadual Antonio Donato (PT). Citando a reportagem, o parlamentar perguntou ao órgão “se foram identificados indícios de incompatibilidade com a renda declarada” por Derrite e possível conflito de interesses.
A CGE respondeu dizendo que a matéria “não apresenta fundados indícios que evidenciem a necessidade de verificação patrimonial”.
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Construção de casa de Derrite está em fase final
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Imóvel custará ao menos R$ 3 milhões
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Guilherme Derrite condecora seu amigo Gui Moron
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Guilherme Derrite e Gui Moron em Brasília, quando empresário foi ao Congresso
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Guilherme Derrite com o ex-presidente Michel Temer e Gui Moron
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Casa de Derrite vista de cima
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Projeto arquitetônico prevê uma piscina retangular no jardim
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Casa terá pelo menos R$ 140 mil em madeira Cumaru
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Imóvel contará com porcelanato de 1,2 m por 1,2 m
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Derrite visita construção semanalmente
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Imóvel fica localizado em um condomínio de alto padrão em Porto Feliz (SP)
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Porto Feliz se tornou reduto dos bilionários no interior do estado
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Condomínio conta com piscina olímpica, quadras de tênis e um grande lago
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Terreno foi adquirido em junho de 2023, por R$ 475 mil
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Hoje, terrenos do mesmo tamanho são vendidos por R$ 600 mil
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Donato também questionou o órgão sobre a relação entre Derrite e os empresários Sergio Comolatti e José Romano Netto. A dupla, que atua em diversas áreas que se cruzam com o setor público, é dona da Farm Empreendimentos Imobiliário. No ano passado, o secretário voou de Brasília para São Paulo em um avião da companhia.
Romano ainda é membro do conselho de administração da Mondopass S.A., que tem participação na Autopass, a responsável pela bilhetagem do transporte público na Grande São Paulo.
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“Não existe apuração sobre possível conflito de interesses face à inexistência de qualquer informação, seja na presente denúncia”, disse a CGE.
“Importante ressaltar que uma alegada relação de amizade entre qualquer agente público da administração pública paulista e empresários que possuam contrato com o Governo do Estado de São Paulo, não caracterizam por si só fundados indícios de ocorrência de conflito de interesses”, acrescentou.
Casa de R$ 3 milhões
O empreiteiro Genilton Mota, dono da Construtora Mota, disse ao Metrópoles que os pagamentos da obra são alinhados com Guilherme Moron Peres Trindade. Conhecido como Gui Moron, ele atua com grandes eventos no interior e aparece em reuniões políticas e agendas públicas ao lado de Derrite e de outros empresários parceiros do governo. Em 2023, Moron foi condecorado por Derrite com uma medalha da Polícia Militar (foto em destaque).
“Essa parte [pagamento da obra] é uma parte que eu alinho com o amigo dele e daí ele que faz o pagamento para a gente, mediante nota, certinho”, disse Mota durante uma conversa por telefone na qual a reportagem se passou por um interessado em contratar os serviços da construtora.
Questionado se ele se referia ao empresário Moron, o empreiteiro respondeu: “É, o Gui Moron. Faço a nota pra ele certinho, bonitinho. E daí ele faz o pagamento ali”, completou.
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O que diz Derrite
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que “o empresário Guilherme Moron jamais custeou qualquer valor referente à construção do imóvel do secretário Guilherme Derrite”.
“A obra está sendo custeada exclusivamente com recursos próprios do secretário, provenientes da venda de um apartamento de sua titularidade e de seus rendimentos mensais. Todos os pagamentos são realizados diretamente pelo secretário, via transferências bancárias, e devidamente declarados em seu Imposto de Renda”, diz a nota.
Segundo a pasta, “o empresário Guilherme Moron é cliente da construtora responsável pela obra e, por já ter realizado projetos anteriores com a empresa, indicou a empresa ao secretário”.