A oposição saiu vitoriosa e emplacou dois nomes para comandar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) na manhã desta quarta-feira (20/8). No entanto, a direita aliada ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já conta com a articulação do governo para retomar o controle e aposta em convocações sensíveis ao governo Lula. Os opositores prevêem que o governo pode tentar reverter a situação com o pagamento de emendas parlamentares.
O líder do Podemos, Carlos Viana (MG), derrotou por 16 votos a 14 o líder do PSD, Omar Aziz (AM) – indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) – na disputa pela presidência do colegiado. Viana indicou o deputado Alfredo Gaspar para a relatoria, ao invés de Ricardo Ayres (Republicanos-TO), indicado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
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A reviravolta representa uma derrota contundente para a cúpula do Congresso e o governo Lula, que já ensaia uma reação. Depois do resultado, Lula reuniu Motta e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), no Alvorada.
A avaliação de integrantes da oposição, que articularam pelo nome de Viana, é que a eleição de Viana e Gaspar é uma demonstração de força da direita, que estava fragilizada depois da ocupação dos plenários em protesto pela prisão domiciliar de Bolsonaro.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, articulou durante a madrugada pelos votos de parlamentares descontentes com o governo Lula. A principal reclamação, e vista como uma oportunidade pelo PL, é a demora no pagamento de emendas parlamentares. Ante a derrota histórica, aliados de Bolsonaro contam com uma reação do governo para recuperar esse apoio, vinda na forma do pagamento de emendas.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, responsável pela articulação política do governo, também convocou os líderes da base para uma reunião ainda nesta quarta-feira.
Antes da virada na maré, a oposição já prepara o terreno para a convocação de nomes sensíveis ao governo Lula. Uma lista de 14 nomes já está sendo avaliada pelo colegiado. Dentre eles, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, demitido depois do escândalo, e Frei Chico, irmão de Lula, integrante de uma entidade sindical investigada.