O relator da CPMI do INSS, deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), afirmou ao Metrópoles, nesta quarta-feira (20/8), que, se for necessário, vai convocar a presença do irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o sindicalista José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, na Comissão.
Frei Chico é vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi).
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Sediado em São Paulo e ligado à Força Sindical, o Sindnapi é uma das entidades investigadas pela Polícia Federal na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano. A investigação da PF se baseia em uma série de reportagens do Metrópoles, que ficou conhecida como a Farra do INSS.
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Entrevista com o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os descontos indevidos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
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Deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
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Deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO)
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Deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO) relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
Hugo Barreto/Metrópoles
O relator explicou que ele será chamado se as investigações mostrarem que há evidências de envolvimento do irmão de Lula nas fraudes de descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, mas que o interesse na figura de Frei Chico está diretamente ligado ao vínculo com o presidente.
“Se tiver de chamar, nós vamos chamar. Acontece que o interesse nele é mais em função de ser o irmão do presidente do que propriamente alguma coisa que ligue ele verdadeiramente”, declarou Ayres.
“Ele é vice-presidente, será que ele impulsionou alguma coisa? Será que ele tratava nesse nível? É coisa que o correr da investigação vai permitir a gente enxergar. Não pode ser assim de supetão, a gente tem que ter responsabilidade também”, completou o deputado.
CPMI do INSS
Após meses sem definição, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) será instalada nesta quarta-feira (20/8).
Um dos motivos para o atraso foi a obstrução do governo, já que uma CPMI voltada a uma instituição pública poderia enfraquecer politicamente o Executivo.
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e na renúncia do ministro da Previdência à época, Carlos Lupi.
A presidência e a relatoria da comissão podem dar um fôlego à gestão do presidente Lula. Considerados perfis neutros, o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado Ricardo Ayres não assinaram o pedido de criação da CPMI, atitude criticada por parlamentares da oposição.
A CPMI contará com 16 titulares e 16 suplentes, incluindo nomes de perfil mais radical, como o senador Magno Malta (PL-ES) e o deputado Marcel Van Hattem (PL-RS).