O deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), relator da CPMI do INSS, disse ao Acorda Metrópoles que um dos nortes da comissão é chegar aos servidores e agentes políticos envolvidos ou omissos em relação aos descontos indevidos feitos por entidades contra aposentados e pensionistas.
“A CPMI só vai chegar a um resultado se nós aprofundarmos as investigações para alcançarmos servidores, agentes políticos de todos os poderes que agiram para que essa fraude acontecesse ou, no mínimo, foram omissos”, disse em entrevista nesta quarta-feira (20/8).
Segundo Ayres, em um primeiro momento, a CPMI vai analisar o “modus operandi” do esquema para entender como os descontos indevidos foram possíveis dentro dos órgãos públicos como INSS e Ministério da Previdência.
Em seguida, diz o relator, a Comissão deve ouvir agentes políticos, entre eles todos os ministros que estiveram à frente da Previdência nos anos em que as fraudes ocorreram, entre 2019 e 2024.
Um deles é o ministro Carlos Lupi, indicado pelo governo Lula, e que foi demitido quando a operação Sem Desconto, da Polícia Federal (PF), foi deflagrada.
A investigação sobre a farra do INSS atualmente tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) após o ministro Dias Toffoli avocar todos os inquéritos para seu gabinete.
Como argumento, Toffoli utilizou um relatório de um delegado da Polícia Federal sobre menções aos nomes de Onyx Lorenzoni (PP-RS), que foi ministro da Previdência no governo de Jair Bolsonaro (PL), e do deputado federal Fausto Pinato (PP-SP).
Prédio do INSS em Brasília
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Lorenzoni é outro político que ocupou a Previdência que o relator da CPMI afirma que irá convocar para prestar depoimento.
Segundo Ricardo Ayres, a Comissão deve ouvir “todos aqueles que concorreram na sua ação ou omissão para que acontecesse o que aconteceu”.
“Precisamos aprofundar as investigações a um nível de alcançar quem quer seja, de qual governo for, partido político que seja filiado”, diz o relator.
O relator diz, no entanto, que tais apurações serão conduzidas com responsabilidade, sem “antecipar ou fazer pré-julgamentos”.
“A gente não vai construir narrativas a partir disso, a gente precisa fazer um trabalho técnico, parcial”, afirma.