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Dólar cai a R$ 5,42 e Bolsa dispara com possível corte de juro nos EUA

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Dólar cai a R$ 5,42 e Bolsa dispara com possível corte de juro nos EUA

O mercado financeiro viveu um dia de festa, nesta sexta-feira (22/8), no Brasil e no mundo. Declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos), Jerome Powell, indicando a possibilidade de corte de juros na próxima reunião da autoridade monetária norte-americana, em setembro, foram recebidas com uma onda de otimismo que se espalhou pelos principais mercados do mundo.

Em sua fala no Simpósio de Jackson Hole, conferência anual nos EUA que conta com a participação de dirigentes do Fed, Powell não cravou que os juros cairão no mês que vem, mas indicou que existe essa possibilidade. Foi o bastante para o otimismo tomar conta do mercado, o que levou à queda do dólar frente ao real e à disparada da bolsa brasileira.

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Powell abre as portas para queda dos juros

“Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores”, afirmou Powell em seu discurso no simpósio do Fed.

Para o presidente do Fed, “essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando”. “E, se esses riscos se materializarem, poderão fazê-lo rapidamente”, disse.

Powell prosseguiu: “Também é possível, no entanto, que a pressão de alta sobre os preços, devido às tarifas, possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e este é um risco a ser avaliado e administrado”.

“A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem prosseguir com cautela ao considerarmos mudanças em nossa política monetária. No entanto, com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes em nossa postura”, completou o chefe da autoridade monetária norte-americana.

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Euforia toma conta do mercado

As declarações do presidente do Federal Reserve indicam que é real a possibilidade de a autoridade monetária iniciar o ciclo de queda da taxa de juros a partir da próxima reunião, nos dias 16 e 17 de setembro.

No fim de julho, o Fed anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros acontece nos dias 16 e 17 de setembro.

O Índice de Preços ao Consumidor nos EUA (CPI, na sigla em inglês), que mede a inflação no país, ficou em 2,7% em julho, na base anual, mesmo resultado registrado em junho. Na comparação mensal, o índice foi de 0,2%, ante 0,3% em junho.

A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024. A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para conter a inflação.

Até o fim de 2025, o BC dos EUA tem programadas mais três reuniões de política monetária – em setembro, outubro e dezembro. Nas últimas semanas, ganhou força entre os analistas do mercado a tese de que o Fed deve começar a baixar os juros possivelmente a partir da próxima reunião, no mês que vem.

Na quarta-feira (20/8), a ata da última reunião do Fed apontou que os riscos de inflação são maiores do que as preocupações com o mercado de trabalho norte-americano. No mesmo dia, o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a atacar o chefe do Fed, Jerome Powell, cobrando a queda dos juros.

Assim que terminou o discurso de Powell em Jackson Role, de acordo com dados da ferramenta FedWatch, do CME Group, 93,1% dos investidores apostavam em corte de juros já na próxima reunião do Fed, de 0,25 ponto percentual. O índice ficou acima dos 82,4% de quinta-feira (21/8) e dos 75% registrados nesta manhã, antes da fala do chefe do Fed.

Por volta das 16 horas (pelo horário de Brasília), o percentual dos que apostavam na queda dos juros em 0,25 pontos-base era de 89,2%, enquanto 10,8% dos investidores acreditavam na manutenção dos juros.

De acordo com economistas e analistas consultados pela reportagem do Metrópoles, embora a maioria do mercado já apostasse no início do ciclo de cortes pelo Fed, a fala do chefe da autoridade monetária foi considerada ainda mais enfática nessa direção.

Ásia, Europa e EUA também sobem

Assim como ocorreu no Brasil, os mercados dos Estados Unidos, da Europa e até da Ásia – que fechou antes da fala de Powell no evento do Fed – encerraram a semana com ganhos.

O índice Stoxx 600, que reúne ações de 600 empresas europeias listadas em bolsas, fechou em alta de 0,4%, aos 561 pontos, praticamente estável.

Na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, o índice DAX subiu 0,29%, aos 24,3 mil pontos. Na Bolsa de Paris, o índice CAC 40 avançou 0,4%, aos 7,9 mil pontos.

Em Londres, o índice FTSE 100 registrou ganhos de 0,13%, aos 9,3 mil pontos, perto da estabilidade. Em Madri, o Ibex 35 fechou em alta de 0,61%, aos 15,3 mil pontos.

Na Ásia, cujo mercado fechou antes mesmo das declarações de Powell nos EUA, o índice de referência de Xangai terminou o dia em alta de 1,45%, aos 3,8 mil pontos, o patamar mais alto em uma década, desde agosto de 2015.

Na semana, o ganho acumulado dos papéis em Xangai foi de 3,5%. Trata-se do melhor resultado em quase um ano, desde novembro de 2024.

O índice CSI300, que reúne as maiores empresas listadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, subiu 2,1%, cravando o melhor desempenho em 10 meses. Somente nesta semana, a alta acumulada foi de 4,2%.As bolsas de Tóquio e Seul também terminaram em alta.

Análise

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o discurso de Jerome Powell em Jackson Hole “desencadeou forte movimento nos mercados, com impacto direto sobre o dólar”.

“A leitura de suas falas, ao reconhecer riscos crescentes para o mercado de trabalho e a necessidade de reavaliar o equilíbrio da política monetária, elevou as apostas em cortes de juros já a partir de setembro. Esse cenário pressionou o índice DXY, que recuou de forma significativa frente às principais moedas, refletindo o enfraquecimento global da divisa”, afirmou Shahini.

“Com a perspectiva de redução da taxa básica nos EUA, os Treasuries cederam, abrindo espaço para moedas emergentes e especialmente o real. Ao mesmo tempo, o ambiente de menor aversão ao risco impulsionou bolsas em Nova York e no Brasil, reforçando a busca por ativos de maior retorno”, explicou.

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